
As dificuldades na construção de Mangala não são de hoje. No entanto, os erros cometidos nos últimos tempos (pelo aproveitamento que o adversário faz deles) têm sido muito realçados pelo público, por aparecer no seu campo de visão (lances de decisão). Perceba-se que Mangala não tem menos qualidade que no passado. A diferença é que no passado, tinha um treinador que conhecia as suas características. E que com esse conhecimento conseguia esconder-lhe as debilidades, com uma solução colectiva.
Pode ler-se, aqui, “Quem quiser ser treinador e não tiver ideias sistematizadas não pode sê-lo, vai andar a trabalhar de forma avulsa. É importante ter ideias, sistematiza-las, e é importante saber operacionalizá-las num contexto. O que é que eu quero dizer com isto, é muito importante, de facto nós termos um modelo, eu costumo dizer que já fui fundamentalista do ponto de vista táctico, eu tinha ideias e queria de facto operacionalizá-las, sem tentar colocar essas ideias ao serviço dos jogadores, e isso é um erro terrível, que eu cometia mas que agora não cometo. É muito importante perceber as características dos jogadores para as potenciar, e então os princípios são fundamentais como norte para o nosso trabalho, os princípios que nós defendemos, no entanto eles têm que ter flexibilidade suficiente para a realidade em que trabalhamos. Eu vou explicar isto. Eu fui habituado a trabalhar no Porto durante 5 anos com os melhores jogadores e colocando o acento em dois momentos fundamentais do jogo, que era a posse e a transição ataque-defesa, eu assim ganhava os jogos todos, aqui não é assim. Aqui não trabalhamos com jogadores com a diferença de qualidade que tínhamos no Porto.”
Como se vê, Vítor Pereira trabalha com as suas ideias em congruência com as características dos jogadores. Dessa forma, consegue arranjar estratégias para mostrar o melhor deles e esconder o pior, valorizando-os. Na verdade sobrevalorizando-os!
A solução que encontrou para Mangala, dentro do seu modelo, foi simples: Mangala, em construção, na maior parte do tempo só teria que tocar a bola no colega mais perto. Fazer o passe mais simples, em detrimento do “melhor passe”. Isto porque ele sabia das dificuldades e perdas de bola que ele evidenciaria, com maior responsabilidade ofensiva. Assim, preparou o posicionamento dos seus jogadores para proteger Mangala, quando este estivesse em posse. Dessa forma Mangala fica com situações menos complexas para resolver, sendo que lhe retira responsabilidade sobre um processo no qual ele não está tão confiante.
Do lado de Mangala, um dos médios baixa para pegar perto dele. O lateral, caso o médio não baixe, não dá tanta profundidade. E só quando não houvesse alternativa é que Mangala poderia optar por outro tipo de iniciativa. Do lado de Otamendi passava-se o oposto. As soluções de passe que ele procurava eram sempre complexas, sem grande aproximação dos médios, e com o lateral sempre profundo. Isto porque Otamendi é fabuloso na construção.
Assim se colocam as ideias ao serviço dos jogadores.
Assim se colocam as ideias ao serviço dos jogadores.
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