
Dez vitórias consecutivas na Premier, o corolário do trabalho de duas épocas com a hipótese de lutar pelo campeonato até ao fim. Sendo que, tendo vencido o Manchester City fica com o título nas suas mãos, o maior desafio está ainda por chegar. O Chelsea, de Mourinho, é a equipa mais competente do campeonato inglês, em organização defensiva. Pelo que será difícil parar um Chelsea que se preparou durante toda à época para este tipo de jogos. Os jogos dos detalhes, da estratégia, e onde quem defende melhor (com e/ou sem bola) costuma vencer.
As semelhanças:
Carências ao nível da organização da linha defensiva e da linha média. City e Liverpool precisam de melhorar muito a sua organização defensiva, para que no futuro possam competir por títulos europeus. Competições essas que estão talhadas para o detalhe, sendo que a organização defensiva é um “detalhe” muitíssimo importante nessas provas.
Ao nível da organização ofensiva, são duas equipas que procuram construir para criar no corredor central. Como aqui defendemos, a predilecção pelo corredor central é a melhor forma de criar situações de golo por ter mais e melhores opções. Não quer isto dizer que as duas equipas não tenham optado por jogar pelos corredores laterais. Quer apenas dizer, que na maior parte do tempo, na criação, a bola entrava/saia do corredor central.
Em transição defensiva, a intenção das duas equipas é tentar recuperar a bola na zona onde ela foi perdida. Mais o Liverpool que o City. Talvez por uma melhor apreensão por parte dos seus jogadores daquilo que o treinador pretende, por estar no seu segundo ano no clube.
Duas equipas com criatividade, e construídas de forma a que os mais criativos se possam expressar da melhor forma.
As diferenças:
Sobretudo a transição ofensiva. O Liverpool procura/ou sempre explorar as transições de uma forma muito vertical. Acelerou invariavelmente para a baliza contrária assim que recuperava a bola. Ainda que fossem lances de bola parada, Mignolet procurava lançar sempre o contra-ataque assim que agarrasse a bola.
Ao nível da organização ofensiva, o Liverpool procura jogar em ataque rápido. Troca bem a bola, procura o corredor central, mas na maior parte do tempo em “explosão”.
O Manchester City, mais calmo ao nível da transição ofensiva, com um bom critério entre saídas para contra-ataque, ou para organização ofensiva. Mais paciente na forma como organiza o ataque, procurando empurrar o adversário para os últimos metros, e depois decidir o melhor rumo para o ataque seguir.
O Jogo:
O Liverpool tem os melhores 45 minutos da Premier League. Entra sempre muito pressionante, no campo todo, com transições fortes (ofensivas e defensivas), e com critério na forma como constrói os seus ataques em organização. Não é de estranhar o elevado número de golos que consegue marcar, consecutivamente, antes do intervalo. É no entanto impossível manter os índices de agressividade por mais tempo do que isso, sem que a equipa se revele competente na gestão do jogo, com bola. O Liverpool não o sabe fazer. Sai sempre em contra-ataque, ou em ataque-rápido, pelo que os jogadores estão constantemente em grande esforço físico, e mental.
Assim, emerge o City na segunda parte, com uma entrada mais calma do Liverpool em jogo. Com menos pressão, com linhas mais baixas, o City, com a qualidade individual que tem, e com os bons princípios ofensivos ao nível da construção e criação, tomou conta do jogo.
Individualmente podem elogiar-se, no Liverpool, Mignolet, Glen Johnson, Suarez, Gerrard e Sterling. Coutinho e Sturridge estiveram longe do nível que têm demonstrado, sobretudo ao nível das decisões nas zonas de criação. As suas más decisões poderiam facilmente ter custado a vitória à equipa. Por outro lado Suarez mostra-se cada vez mais competente na relação com os colegas, e não se poupa a esforços para os servir. Sterling mostra muita qualidade técnica, e física. Procura espaços interiores, assim como o corredor lateral, mas sempre com a cabeça levantada na procura dos colegas. Gerrard enorme com e sem bola. Fundamental em zonas recuadas de construção, e nos ajustes quando a equipa perde a bola. No City pode falar-se de Kompany, Silva e Nasri. Todos ao seu nível habitual.
Resta-me desejar sorte a quem, com muito menos recursos, consegue desafiar as probabilidades e operar um verdadeiro milagre, ao nível da qualidade de jogo e dos resultados.
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