
Ponto prévio. Falarei apenas por mim. Partilhar a minha visão, sobre o que penso interpretarem mal quando se defendem determinadas situações.
Quem nos visita tem sempre a interpretação de que sou defensor de um estilo. E que quando me refiro a boas decisões essas são sempre condicionadas ao estilo que prefiro. Na verdade não é nada disso.
Ser da boa tomada de decisão não é ser de posse ou de contra ataque.
É ser de posse quando o adversário está organizado e o espaço escasseia e é ser de contra-ataque quando há espaço e situação numérica para tal.
Exemplo demasiado óbvio para se perceber exactamente o que pretendo transmitir. Recupero a bola e tenho situação de 3×1+GR. Em função da situação de jogo, e é disto que depende a boa tomada de decisão, impõe-se que o portador o mais rápido possível, para não deixar chegar mais oposição, progrida na direcção da baliza, fixe o adversário e solte num dos colegas livres. Passando do 3×1 para um 2×0. Como é óbvio não se espera que a equipa com bola a prenda permitindo a organização adversária.
A situação de jogo descrita é demasiado óbvia para que o exemplo se perceba facilmente, mas não significa naturalmente que só em situações óbvias se deva investir em velocidade no ataque à baliza adversária. Tudo depende do número de adversários atrás da linha da bola, do seu posicionamento e do espaço.
A confusão talvez esteja na forma como ao se ler elogios ao Barcelona e pensando-se numa equipa que exacerbava a posse. Fica a sensação de que se é defensor de um estilo. Mas, a verdade é que não era por exarcebar a posse que o Barcelona não era também a melhor equipa do mundo a sair em transição. Nenhuma outra equipa em muitos anos deve ter somado tantos golos a sair em contra-ataque depois de recuperações. Reveja por exemplo o 5 a 0 em Camp Nou com o Real e perceba-o. E referindo que apenas falo por mim. Sou defensor da boa decisão. Boas decisões em cada momento do jogo. Organização e Transição. E agradam-me as equipas que jogam o que o jogo dá. O Barcelona saía como ninguém em transição. Mas quando as boas possibilidades de se ser bem sucedido se esgotavam, sabia como ninguém perceber que era hora de organizar.
E é essa uma crítica a tantos treinadores. Nos quais incluo agora Mourinho, outrora o maior ídolo, como nas etiquetas se poderá perceber. Relembre como recentemente Tiago disse que Mourinho simplesmente não quer ter a bola. Oferece-a para depois recuperar e sair em transição. É essa a crítica que faço. Na minha opinião os melhores jogam em todos os momentos e não apenas em alguns.
Portanto o meu estilo não é posse ou contra-ataque. Organização ou transição. Portanto, Vitor Pereira e Jorge Jesus são hoje treinadores mais fortes do ponto de vista táctico que o outrora melhor de sempre José Mourinho.
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