
Ontem, no regresso da Bundesliga Guardiola e o mundo foram brindados com um resultado desnivelado, quando nada o fazia prever. E o que mais se vê, por aí, é a felicidade do mundo por Guardiola se mostrar mais perto dos mortais do que aquilo que verdadeiramente está. O mundo não tenta perceber o que se passou por forma a tirar algo de positivo daí, e apenas está interessado em demonstrar toda a grandeza de Guardiola, tentando apagar tudo o que de novo este trouxe ao jogo. Tentado, no fundo, coloca-lo ao nível dos cumuns mortais, que ganham, perdem, e empatam ao sabor do vento. Mas ele não. Ele ganha, ganha, ganha, e ganha, a jogar um futebol nunca antes visto. E por isso cada derrota é tão rara que é celebrada de forma efusiva pelo mundo que está farto de o ver ganhar, e sempre com uma aparente facilidade que irrita. Percebo que irrite. Mas o que o mundo não percebe é que esta foi mais uma grande oportunidade para se perceber que ninguém precisa de meter um avião na baliza para ganhar a um grande, ninguém precisa de não jogar futebol, de recorrer constantemente a falta, ao insulto, ao chuto na frente sem sentido, para ganhar aos melhores. Contra os melhores, é preciso jogar futebol. É esse o caminho, e é isso que o mundo não viu. Combate-se o futebol com futebol. Alguém que me diga uma melhor forma de ganhar a este Bayern do que a forma como o Wolfsburg soube ter a bola? Não, eles não jogaram em posse. Limitaram-se sim a fazer alguma coisa cada vez que tinham a bola. Alguém sabe uma melhor forma de aproveitar os espaços que o Bayern deixa nas costas do que sair com qualidade da sua zona de pressão, e só depois definir o lance? O Wolfs ontem mostrou a cada transição o que é preciso fazer: sair com a bola controlada da primeira zona, e depois sim procurar o espaço. O melhor espaço, o espaço livre. Com 2,3,4 jogadores pela frente, com tempo e espaço para definir, é tudo muito melhor. Sem uma organização defensiva de top, ontem ganhou quem atacou melhor. E para atacar melhor não é necessário ter a bola mais tempo, só é necessário fazer alguma coisa com ela quando se recupera. Sair com qualidade, sair com ela controlada. Mas isso o mundo não viu, porque o mundo pouco se interessa pelo jogo. O mundo só quer é ver o resultado, sem necessidade do processo. O mundo está contra Guardiola, porque Guardiola obriga a pensar, desfaz mitos, traz novidades, muda as regras, mostra o processo, eleva o nível de jogo. Assim como o Wolfs ontem mostrou o caminho que ninguém quer ver… jogar futebol.
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