
Há quem justifique a presença de Nolito em campo pela roja com um “faz sempre falta alguém capaz de desequilibrar individualmente”.
Curiosamente, desde a primeira hora que o vimos, e assim continua, é precisamente pela capacidade que tem de se integrar em termos colectivos que o espanhol impressiona.
Tudo o que faz tem ideias. Não há uma acção em Nolito que não seja pensada. Nada sai só porque sim. É incrível! Desde sempre demonstrou uma capacidade quase anormal de jogar com todas as variáveis. Muito mais do que somente posicionamentos, espaços ou timings mas até com posição de corpo de adversários e colegas. Todas as variáveis possíveis e imaginárias a condicionarem todas as suas decisões. Um génio a nível cognitivo como poucos. Imagina e vê tudo.
Em Outubro de 2011 (passível de espreitar na etiqueta Nolito) escrevia-se:
“Não há como não o admirar.
Se há jogadores que devem ser valorizados são os que sendo particularmente inteligentes, têm capacidade técnica para colocar na relva o que a mente alcança.
Há quem creia que Nolito é demasiado individualista. Jorge Jesus até faz parte do lote dos que têm uma percepção errada sobre as capacidades do espanhol. Se há algo porque se destaca é precisamente pela sua competência colectiva. São os timings para soltar a bola, é o trabalho para receber a bola, na forma como simula a profundidade para vir receber no pé, ou como se desmarca em ruptura quando o espaço à sua frente assim exige.
Dos seus pés, é certo que a bola sairá jogável. A sua capacidade de decisão de tão boa chega a ser invulgar nos jogadores que jogam no corredor lateral. É louvável a forma objectiva como joga, e aprazível a sua incessante procura do corredor central, onde as opções se multiplicam, a cada momento.
Menos rápido e menos talentoso que tantos outros, é a sua capacidade para definir com assertividade os lances que o tornam um jogador de eleição. É uma das figuras da Liga. De lamentar somente que tal se perceba somente pelo número de golos que já obteve. É que o seu jogo vai muito para além da sua competência na hora de finalizar.”
O espanhol é a prova de que há demasiados jogadores fabulosos que passam pelos pingos da chuva sem serem reconhecidos. Esteve à beira de ser apenas mais um o craque que chegou à Luz proveniente da Catalunha. Porque o futebol merece, à beira dos trinta chegou onde sempre mereceu estar.
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