Depressa e bem não há quem. Vinte minutos de “terror” na Luz.

FUTEBOL - Jonas, jogador do Benfica festejam com os seus colegas durante o jogo Benfica-Arouca realizado no estadio da Luz em Lisboa. Domingo 5 de outubro 2014. (SERGIO MIGUEL SANTOS/ASF)

Depois de uma recuperação tremenda e ainda com vinte minutos para jogar, com certeza que não terá havido quem não acreditasse que o Benfica viraria por completo uma desvantagem de três golos.

Todavia, o assalto final, ainda que com tempo suficiente para ser bem sucedido, trouxe uma equipa que não se desligou do quão emotiva e frenética havia sido a partida até ali. Depois de conseguido o que poderia parecer improvável, não conseguiu mudar o “chip” da partida e voltar a ser uma equipa criteriosa e de jogo pensado nos últimos minutos pós empate.

A cada recuperação, independentemente do contexto todos aceleravam (a excepção habitual era Jonas). Os ataques não tinham critério. A vontade de chegar o quanto antes à frente toldava o raciocínio, as perdas sucediam-se e foi até o Boavista a ficar mais perto de vencer que o próprio Benfica.

Se a primeira parte poderá ser “arrumada” na parte dos imponderáveis que sempre sucedem no futebol (duas bolas paradas e um lance atípico resultaram em três golos), foram os últimos vinte minutos os piores da equipa de Rui Vitória na partida. Não os primeiros. Esses foram entregues ao que menos se controla. Sim, é possível estar melhor em determinado período e perdê-lo por três a zero, e estar pior e empatá-lo a zero. Não é expectável que aconteça. Mas, pode e aconteceu.

A emoção própria de um jogo nada habitual será a explicação mais plausível. Quando for hora de no Benfica se rever a partida, ficará mais uma vez provado perante os jogadores que inteligência e critério continuam a ser o que mais aproximam qualquer equipa do sucesso.

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Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

10 Comentários

  1. A mim ficou-me a sensação que a equipa estava cansada e digo mesmo que se o Boavista ganha “neste período” não seria injusto.

    Agora pareceu-me que o SLB chega ao empate de forma “serena” dados os acontecimentos nada normais.

    Defenderei sempre Rui Vitoria e tenho bem presente o tremendo trabalho que está a fazer no clube, mas ontem pareceu-me que errou ao colocar Guedes ao lado de Jonas, para mim as duplas que se complementam na frente são Jonas/Mitroglou e Guedes/Rafa como se viu a semana passada em Guimarães.

    Seguir em frente e que venha o próximo jogo rapidamente, nem sempre tudo corre bem, nada de entrar em depressão

  2. Excelente post (para variar). O maior defeito que aponto ao Benfica é a incapacidade de serenar perante contextos desfavoráveis. Não é fácil manter a concentração, a capacidade de tomar a melhor decisão, em situações onde o jogo se torna frenético. Jonas consegue, e é um jogador que se distingue dos demais. Às vezes, paradoxalmente, é o cansaço e o desgaste causado pelo frenesim com que se vive os momentos, que leva os jogadores a querer fazer as coisas depressa demais. Os exemplos de Pizzi e Salvio ilustram bem essa realidade. É algo recorrente, neste Benfica, essa incapacidade de serenar e pausar o jogo, e deixar a muita qualidade existente fluir. Aconteceu com o Sporting no 0-3 no ano passado, aconteceu em Napoli, em Besiktas, e sempre com resultados menos bons. Também já teve os seus frutos, como diante do Boavista no Bessa o ano passado, ou na deslocação à Académica com o golo do Jimenez no final. Mas não são os momentos de frenesim que aproximem a equipa da vitória. Nesse sentido, estou inteiramente de acordo com o post.

    • Queria só esclarecer que o “(para variar)” é ironia, porque realmente não me recordo de ter visto um post que não tenha gostado. Parabéns!

  3. Se há coisa que o SLB não fez nesses 20 minutos foi jogar à pressa. Estava tudo roto com a excepção de Ziv e Cervi e esses dois, depois do 3-3 deixaram de ir para cima dos adversários como estavam a fazer tão bem até então. Nem sequer o chuveirinho nos últimos 5 minutos fizeram.

  4. falar de como surgiram os golos do Boavista e não falar como surgiram os do Benfica deixa o posto com pouco “critério”… o primeiro num corte falhado do jogador do Boavista o segundo num penalti por jogada individual de alguém que quis decidir quase sempre sozinho e o terceiro num cruzamento com pouco critério e com um auto-golo um bocado disparatado, é verdade que o Benfica teve jogadas bem construídas para fazer golo, mas talvez se possa dizer que até tem mais mérito o Boavista nos golos do que o Benfica. Depois do empate também me pareceu que o Benfica quebrou fisicamente e isso acabou também por influenciar algumas decisões, mas também há mérito do Boavista como se re-organizou e não quebrou animicamente.

  5. Muito bom o post e a analise (como sempre). Independentemente de tudo o que se possa apontar agora, o problema deste jogo (e talvez dos próximos), chama-se … Fejsa!

  6. E que achaste daquele pequeno génio que destruiu o Benfica na primeira meia hora de jogo?

    Incrível como o Jorge Jesus coloca Campbell, Markovic e até o roupeiro à frente dele. Numa altura em que é penoso ver o Sporting a jogar, a falta que um jogador destes faria para resolver individualmente o que o coletivo não tem conseguido.

  7. Esse pareço eu mas mais leve e canhoto. Quanto poderia beneficiar uma equipa se ele jogasse como segundo avançado em vez de o colarem sempre à direita?

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