Posicionamento do treinador… no treino.

NAPLES, ITALY - SEPTEMBER 17: Napoli's coach Maurizio Sarri looks on during the UEFA Europa League match between Napoli and Club Brugge KV on September 17, 2015 in Naples, Italy. (Photo by Francesco Pecoraro/Getty Images)

O posicionamento do treinador, é decisivo para que a intervenção realmente funcione como catalizadora da aprendizagem.

Pequenos pormenores fazem toda a diferença.

controlar profundidade
Nesta primeira figura,  imaginemos que estão a trabalhar o subir e descer da linha defensiva conforme a bola está coberta ou descoberta. O treinador (a preto) está posicionado de maneira a conseguir observar as distâncias entre as linhas.

controlar largura

Aqui, o treinador encontra-se num posicionamento perfeito para avaliar se a equipa que defende o faz em 2 corredores, encurtando os espaços e garantindo superioridade numérica em volta da bola.

controlar angulos de linha de fechar linha de passe

Neste terceiro exemplo, o treinador esta com um ângulo de visão, que lhe permite verificar se o defesa amarelo esta ou não a cortar a linha de passe antes de pressionar, transformando o 3v2+gr num 2v2+gr.

Passando a maus exemplos:

fecha o campo

Aqui, o treinador, sem perceber, está a fechar o campo. Uma situação que “pede” largura, não a tem, porque o treinador está a ocupar um espaço, e mesmo que o jogador encarnado perto do treinador, resolver abrir, fica com a linha de passe fechada pelo próprio.

distraidos com jogo

Nesta situação, vemos um treinador bem posicionado se o objectivo do exercício for trabalhar a largura, e outro, que estará a juntar os jogadores para dar algum tipo de instrução e / ou feedback. Fez bem em juntar, para conseguir falar para todos sem ter de estar aos berros. Mas (entre outros pormenores que podem ficar para outra vez), está de costas para uma zona onde está a haver jogo. A probabilidade de os jogadores estarem focados no jogo, em vez de naquilo que o treinador diz é muito grande. A mesma coisa aconteceria se nas costas do treinador estivesse a bancada com os pais, ou pior ainda.. se atrás do treinador estivesse o sol.  Impossibilita que o foco esteja naquilo que o treinador está a dizer, porque atrás dele há focos de desestabilização.

n ve gk

Aqui, o maior erro de todos. Em todos os momentos os treinador deve estar a ver o grupo todo. Primeiro, por razões de segurança. O GR na figura foi passear ou fazer montinhos com as borrachas do sintético, mas podia perfeitamente estar a trepar a uma baliza ou a ter qualquer comportamento que o coloca em perigo.

Depois, porque qualquer pessoa sente que a informação que está a ser passada não será para ela, se o mensageiro estiver de costas. Não só (neste caso) o GR deve ouvir seja o que for que se está a trabalhar, como se deve garantir que ele está a ouvir. Basta que o treinador pergunte se o jogador mais longe está atento ao que se está a falar para o envolver, e para que ele sinta que faz parte do processo.

Em último lugar, e porque não nos podemos esquecer disso, porque comercialmente.. fica péssimo para o negócio estar com um posicionamento destes. Hoje em dia, a esmagadora maioria das crianças que estão em campo pagam para lá estar. E pagam todos o mesmo. Se um treinador, em algum momento está de costas para um (ou vários jogadores), a interpretação de quem está a pagar para que a criança esteja ali, vai ser a de que não está a ter o mesmo tratamento, ou não lhe está a ser dada a mesma importância, e isso será meio caminho andado para que aquela escola de futebol possa perder clientes.

Por várias razões, sejam elas técnicas, tácticas, de avaliação de ângulos ou de distâncias, seja por controlo do grupo em segurança ou por razões emotivas e sociais que têm tanta ou mais importância que todas as outras dominâncias, ou até por questões comerciais, o posicionamento do treinador é absolutamente vital para que o processo decorra da forma mais harmoniosa possível.

6 Comentários

  1. Sempre a aprender. É fantástico o trabalho que vocês fazem neste espaço!
    E como gosto dos post sobre o futebol de formação.

    Parabéns

  2. Este post deixa, indiretamente, uma questão interessante e, na minha opinião o paradigma devia ser invertido. Quero com isto dizer que: Pais a ver os treinos dos filhos devia ser ‘proibido’. Na minha opinião não devia acontecer. Os pais vêm o jogo, o treino é para os jogadores e treinadores. Não sei qual a vossa opinião.

    • Francisco,

      Percebo o que dizes, e ja muitas vezes pensei nisso.

      Mas.. diz-me como te parece mais produtivo a longo prazo:

      – Os pais verem e ouvirem como interages com os jogadores 1x por semana
      – Verem e ouvirem 3 ou 4x por semana (pensando que treinas 2 ou 3x)

      E digo isto porque, atraves daquilo que dizes no treino, de como geres os exercicios, da relacao entre o que fazes no treino e fazes no jogo.. podes “educar” os pais.

      Obvio que ha “impossiveis”, e ha malta que nem explicando tudo timtim por timtim vai perceber seja o que for. Mas ajuda a que consigas ao menos que eles digam coisas parecidas com o que pedes.

      Ha mil e uma coisas que podemos falar sobre a relacao com os pais. Mas continuo a acreditar que ganhamos mais do que perdemos em ajudar a que eles facam parte.

      • Concordo com o último comentário. É muito importante “educar” também os pais. E, para isso, tanto melhor quanto mais tempo de atividade eles assistirem. Se forem corretamente “educados”, não os vejo como uma interferência.

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