O talento que não tem tamanho. Daniel Podence.

Tempos houve em que uma má interpretação do culto da decisão, levou ao apreciar somente dos “relógios”. Qualquer driblador era olhado de soslaio por gente mais distraída. “Não decide bem”. Como se ser driblador ou tocar de primeira seja bom ou mau, sem um contexto por trás.

Toda a decisão depende sempre também da qualidade do interveniente. Jogadores como Podence ou Gélson Martins são quem ofensivamente mais poderão contribuir para o sucesso de uma equipa, desde que devidamente enquadradas as suas acções num colectivo que as potencie e aproveite.

E o baixinho, ao talento imenso, alia capacidade para a grande velocidade percepcionar o que se passa ao seu redor. Não é um driblador de olhos no chão. Ou que não vê ou procura ligações. É um desequilibrador que se liga aos apoios próximos. Que os usa para tocar ou enganar oposição. Executa a uma velocidade supersónica, mas nunca deixando de primar pelas boas decisões que escolhe para progredir.

Com a época perdida, Jorge Jesus não poderá tomar melhor decisão do que a de soltar o génio de Podence, dando-lhe o máximo de minutos possíveis.

Com tempo de prática num novo contexto que lhe exige maior responsabilidade, e porque já é dos melhores em sair com desequilíbrio criado dos espaços curtos que enfrenta, crescerá para poder já na próxima época ser uma das figuras maiores da Liga.

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

15 Comentários

    • Podence poderá jogar a 2º avançado mas a melhor posição para ele será mesmo a partir do flanco para o centro com as suas diagonais perigosas.

  1. Parece-me um claro exagero apesar de reconhecer as qualidades que lhe atribuem.
    Apesar de tudo a verdade é que lhe falta físico para aguentar certos duelos, ter maior poder de explosão ou mesmo uma maior capacidade de remate (não o de hoje não me surpreendeu).
    Sei que a vossa bandeira é “o cérebro sobre o físico” e não podia concordar mais, no entanto olham para o messi (as pessoas gostam de dar o argentino como exemplo..) e aguenta MIL cargas por jogo, se não não teria o impacto que tem no jogo.
    O meu comentário é claramente insuficiente mas dissertar mais ocupava demasiadas linhas. Acho que devido ao aumento de popularidade do site (que acompanho desde sempre!!!) são “forcados” a escrever mais posts e estes não saem tão precisos ou unânimes, mas a discussão é sempre positiva! Continuação de um bom trabalho!!

    • Tens toda a razao andre, quem viu este jogo é viu o Podence no Moreirense e já acompanha a carreira dele desde Júnior sabe perfeitamente que se há algo em que o Podence é completamente abafado é nos duelos físicos. Ao contrário do messi e hazard, por exemplo, esses matulões que procuram com frequência os duelos físicos em vez de os evitar!

  2. Por acaso este rapaz, que adoro desde os juvenis, acho que tem tido uma carreira bem gerida, pelo próprio e pelo Clube. Isso também ajuda. O talento… esse é evidente há anos!

  3. A falta de cm não pode ser igual a falta de físico. Sei que uma grande maioria não vai entender isto mas aqui vai: Podence tem “mais físico” e capacidade de choque do que jogadores bem maiores e mais largos como Samaris, Marvin, Brahimi…

    O miúdo tem tudo na cabeça e entra com a plena convicção de que tem qualidade e pode resolver. Não se esconde. Com as devidas diferenças salvaguardadas, faz-me sempre lembrar o Hazard quando conduz.

    Para quem acha que lhe faltam cm e capacidade física…vão lá bater na pedra e depois queixei-se que ficam amassados…

    • Sim, acho que faz sentido dizer que é “arraçado” de Hazard. Tem muitos pontos de contacto, na verdade. Embora haja mais “veludo” nos pés do belga. Mas a comparação é muito boa.

    • Claro, se calhar o Guedes era o jogador mais forte fisicamente do Benfica. E mesmo no Sporting o Gelson é, para mim, um portento físico. Ser fisicamente forte tem mais ver com conhecimento do jogo e do seu corpo, potência e resistência, digo eu, do que com músculos e centímetros. Assim como ser tacticamente forte nada tem a ver com ser ofensivo ou defensivo ou retranqueiro. É outra ideia que vejo constantemente desvirtuada. Ah porque a equipa X não arrisca transições, nem organização ofensiva, então é porque é “tacticamente arrumada” – tudo tretas.

  4. Caro Paolo Maldini

    Podence é mais um jogador que pouco brincou nas selecções jovens. Já chegou à equipa principal do Sporting, já Iuri Medeiros que brincou muito nas selecções jovens continua a rodar.

    Este é mais um exemplo/argumento que se enquadra na minha teoria.

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