Quando Rafa Marquez joga bem, a equipa joga dez vezes melhor
Pep Guardiola
Tempos houve em que era o número dez que tinha de fazer jogar a equipa. Por norma, jogador tão superior a todos os outros, que baixava para receber, recebia ainda enfrentando imensa oposição e individualmente se desenvencilhava até descobrir uma ruptura dum avançado, ou um extremo sozinho na linha à espera de um cruzamento.
O espaço para se jogar, porque as organizações defensivas cresceram e usam como nunca a regra do fora de jogo, para além da aglomeração de sectores, diminuiu drasticamente quando comparado com outrora. Com a redução do espaço reduz-se o tempo que o portador tem para tomar decisões. Aumenta a dificuldade em todas as acções. Poucos para além de Messi poderiam nos dias de hoje ser o tal número dez que baixa, recebe e sozinho engana três ou quatro para depois definir.
Não há quem tenha de fazer jogar a equipa. É uma tarefa de todos. Se o queremos fraccionar, então não se pode nunca ignorar que os jogadores que mais vezes tocam na bola são os defesas centrais. Geralmente é onde está a superioridade numérica. É ali que se começa a jogar. É ali que se começa a fazer jogar. É sabendo jogar com a superioridade, para numa primeira instância se eliminar o avançado adversário (implica afastamento entre centrais, para que se avançado sai ao defesa, um passe para o colega longe, o deixe impossibilitado de lá chegar), e posteriormente provocar um elemento da linha média a sair, aproveitando-se então o homem livre.
No jogo, o mais importante é cada vez mais o saber jogar. Só assim se pode ser protagonista e provocar a que as coisas aconteçam, em vez de se aguardar que a sorte caia do céu. Mesmo que por vezes a espera pela tal sorte seja consciente. O nível técnico e a capacidade para tomar decisões é cada vez mais determinante para um jogar aprazível e que aproxime do sucesso. E são os elementos da rectaguarda quem mais condicionam todo um jogar ofensivo. Das suas capacidades determinar-se-à quase tudo sobre o estilo de jogo.
Digo-vos uma coisa, meus amigos, a técnica é fundamental… Como podia ter a minha ideia de jogo se (faz o gesto de uma bola que bate no pé e não fica, mas antes vai uns metros para a frente)
Vitor Pereira
À dias estava vendo o Marques jogar contra Portugal nas taça das confederações , que saudades…
Qualquer adversario com espaço se pode tornar perigoso, ainda mais se tiver bons executantes. Para que tal não aconteça é importante duas coisas: ter a bola na sua posse e quando não a têm pressionar bastante alto por forma a reduzir os espaços dos adversarios e retirar-lhes a bola.
Não havendo espaço para jogar terá mais probabilidade de ganhar quem tiver os melhores jogadores. É aqui que o benfica atual esbarra, pois têm pouco tempo a bola na sua posse e quando têm de procurar ganhar comete bastantes erros, facilitando o adversario em tornar-se “grande”.
A defesa pressionada não cria os desequilibrios ofensivos e rapidamente dá a bola para a frente sem critério! Não pressiona pois não têm velocidade para as costas, daí recuar e ainda dar mais oportunidades aos adversários. Sente-se bem quando apenas joga como “pequeno” em transições rapidas com executantes melhores que os defesas adversarios. Que pena o Garay não poder voltar ao benfica.