Braga vs FC Porto – O controlo dos corredores laterais

Depois da pausa para seleções volta o campeonato e as sete jornadas que tudo vão decidir. O jogo de cartaz desta 27ª jornada é um Braga vs Porto, com impacto na luta pelo 3º lugar e pelo título.

Nesta análise pretendemos refletir sobre a forma como o Braga terá de atuar, no âmbito da organização defensiva, para fazer face à capacidade concretizadora da equipa de Sérgio Conceição. Recordar que esta época a equipa tem apenas uma vitória nos jogos frente aos ditos grandes (Sporting na 5ª jornada). Nos jogos seguintes, 3 derrotas e uns expressivos 12 golos sofridos (6-2 contra Benfica, 3-0 contra Sporting e mais 3-0 contra o Porto na 1ª mão das meias finais da taça de Portugal), com a atenuante de nos três casos os jogos terem sido fora de casa.

Há que melhorar a performance defensiva da equipa e dar-lhe capacidade para competir até ao fim do jogo pelo resultado. Abel Ferreira sabe disso melhor que ninguém e seguramente já o terá analisado com os jogadores. Nos últimos 3 jogos o Braga venceu sempre e apenas sofreu um golo. Verdade seja dita, vitórias pela margem mínima, longe da exuberância concretizadora de outras alturas.

Um dos aspetos mais fantásticos da vida de um treinador é a abordagem (que tem muito de estratégico) ao próximo adversário.

Na cabeça do treinador do Braga terá passado na preparação do jogo qual a melhor forma para defender este Porto, pelo menos numa abordagem inicial, sendo uma equipa que tanto constrói em apoio como busca a profundidade para a velocidade dos avançados. Ao mesmo tempo explora bem a profundidade principalmente de Alex Telles. E este aspeto, do controlo dos corredores laterais, não é um pormenor como veremos de seguida.

EQUIPA ESPECTÁVEL

(?) Defender alto, condicionar a construção do adversário e forçar o erro como fez o Benfica no golo de Felix??

(?) Se eles conseguem passar a primeira zona de pressão, como gerir os 60 metros e a profundidade de Marega?

(?) Baixar linhas e explorar, pela velocidade de Murilo ou Wilson Eduardo, os espaços deixados pela profundidade dos laterais do Porto? É uma hipótese mas…No jogo com o Benfica uma “não pressão” ao lateral com bola, Grimaldo, resultou num passe que deixou Pizzi em situação de 1×1 com o defesa e valeu o 1º golo…uma pressão forte ao mesmo jogador, sem sucesso, desorganizou o posicionamento defensivo nesse corredor e valeu o 3º golo…

Entre tantas outras questões que surgem e para as quais a resposta só vem, invariavelmente, no fim do jogo e de acordo com o resultado obtido.

Seja qual for a opção, é fundamental para o Braga conseguir proteger os corredores laterais assim como as segundas bolas que muitas vezes se seguem. Atendendo aos golos sofridos na última vez que se defrontaram, o Porto acaba por conseguir os 3 golos após situações de cruzamento largo não prontamente resolvidas pela linha defensiva (o primeiro é de penalti mas que surge da situação referida). Já semanas antes, no jogo contra o Benfica, são 5 (em 6) os golos precedidos de ações que provém do corredor, ainda que neste caso mais à base de combinações curtas e entrada no espaço lateral/central.

Como o Benfica criou os golos (Exploração do Espaço Lateral – Central)
Como o Porto criou os golos (Cruzamento largo mal abordado pela defesa do Braga)

Não se antevendo uma alteração brusca de sistema que levaria a jogar por exemplo com 3 centrais (linha de 5 no momento defensivo) com vista à redução dos espaços identificados e maior capacidade (teórica) para responder a cruzamentos – até pelos vários jogadores indisponíveis no setor –  a decisão poderia passar por responsabilizar Palhinha, um dos médios de cobertura,  para se posicionar em condição de baixar e causar a superioridade necessária na abordagem à 1ª e 2ª bolas. Estas últimas ainda mais importantes porque jogadores como Brahimi, Otávio ou Corona são rápidos a chegar e decidem em espaço curto.

Neste sentido, e como parte identificadora nas análises efetuadas pela COACH ID, propomos um exercício que sugere:

a) Proteção aos corredores laterais e coberturas defensivas;

b) Ação defensiva na área e saída da pressão.

Descrição: Exercício de organização defensiva com vista à proteção dos corredores e zona central após cruzamento.

 Se os jogadores em processo defensivo conseguem recuperar a bola podem imediatamente marcar (transição) nas duas balizas assinaladas com os postes.

Se o adversário consegue, utilizando a superioridade numérica, alcançar as zonas cinzentas pode cruzar sem oposição a aí a atenção vai para o controlo aéreo do cruzamento (desta feita os defesas em superioridade numérica pela ação do pivô).

Se os vermelhos intercetam a bola podem marcar em duas balizas pequenas colocadas como referências de saída pelos dois PL.

Situação desenvolve-se à esquerda e à direita.


Este é mais um artigo ao abrigo da parceria entre a Coach ID e o Lateral Esquerdo. Caminhamos juntos, pois é esse o nosso propósito, no sentido de apresentar propostas de reflexão sobre o jogo e da evolução do conhecimento de treinadores (a apaixonados) de futebol.
 
Por João Daniel Rico

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