A zona do Atlético de Madrid e o ataque do Barcelona

Depois de na semana anterior ter passado por dificuldades para desmontar o 5x4x1 do Espanhol,  (análise aqui) seria interessante ver o que faria o Barcelona frente ao Atlético de Madrid.

Sem surpresas, a equipa de Simeone apresentou-se no 4x4x2 habitual em bloco médio com 3 linhas muito compactas. Um aspecto interessante, e que salta logo à vista, é a preocupação dos avançados em permanecerem próximos dos médios centro, tornando complicado dirigir o jogo de frente para a linha média no corredor central. Mesmo quando o Barça avançava no terreno, Griezmann e Diego Costa baixavam para continuarem a ser úteis no processo defensivo. 

O Barcelona continuou com a mesma distribuição em campo do último jogo em Camp Nou. Laterais abertos e relativamente profundos, 3 médios a entrarem raramente no espaço entre linhas, que era ocupado pelos “extremos” Coutinho e Messi. Novamente poucos movimentos de arrastamento e consequentemente pouca mobilidade e falta de apoio ao portador da bola. Busquets, por vezes, juntou-se aos centrais para uma saída a 3. Esta solução criou superioridade numérica sobre os dois avançados do Atlético, que se fechavam em Busquets, faziam com que Piqué ou Lenglet tivessem espaço para progredir, se abrissem mais um pouco, era o pivô catalão quem dirigia jogo tendo espaço para o passe vertical (mesmo que a partir daí a equipa sentisse dificuldades).

O Atlético de Madrid com um 4x4x2 muito disciplinado em que a prioridade seria ocupar o corredor central, teve na defesa da largura, nomeadamente das rupturas dos laterais um desafio. Os laterais marcavam e acompanhavam Messi ou Coutinho, quando estes estivessem ligeiramente dentro, não os deixando receber enquadrados, no entanto, quando a bola seguia para o médio que ficava de frente para o jogo, o lateral abandonava a marcação dentro e seguia para trás com o objectivo de controlar a entrada à largura do lateral adversário. Com a equipa sempre muito compacta, Felipe Luis e Arias tinham quase sempre cobertura de médio centro e/ou central. O Atlético era muito rápido a reagir à progressão da bola, enquanto que os jogadores do Barça preferiam dar linhas de passe atrás. Com pouca gente à frente da linha da bola, o Atlético não sentiu grandes dificuldades no controlo da largura enquanto o jogo esteve 11×11.

O Barcelona apostou em Rakitic mais à largura, talvez para tentar atrair adversários com bola à esquerda ficando Messi com mais espaço entre linhas, e para ser referência quando jogo rodava da direita. Atraindo os dois médios centro ao corredor central + avançados, mesmo rodando por fora, o croata teve algum espaço para progredir. Acontece que mesmo neste caso, já bem dentro do meio-campo defensivo, o Atlético raramente permitiu que a sua linha média ficasse à frente da linha da bola. Para o Barcelona o objectivo com este posicionamento de Rakitic seria atrair defesas (no passa e vai com o Sergi Roberto à largura) para colocar Messi de frente para o jogo. Mas novamente a excelência defensiva do Atlético foi mais forte. Um dos avançados ajudava Thomas, o médio que saía na pressão e Rodri (o outro médio) também estava próximo. Portanto, Messi em inferioridade numérica perante 3 adversários, e mais uma vez, pouco apoio ao portador da bola por parte dos blaugrana

Como consequência do acima descrito não é complicado imaginar que quando o Barcelona recorria ao passe vertical, quem o recebia (normalmente os 3 da frente) não tinha grandes soluções para dar continuidade ao lance. Quer por falta de movimentos de arrastamento para aliviar a pressão, quer pela falta de ajustamento à progressão da bola por parte de quem podia dar apoio por trás. Nota novamente para o Atético, sempre compacto, os jogadores mais próximos fechavam e pressionavam o portador que recebia entre linhas

O ponto que o Barcelona conseguiu explorar enquanto o jogo esteve 11×11 foi a falta de controlo de Koke no corredor direito do Atlético, aliando sempre a qualidade individual. No lance abaixo, além da qualidade individual de Messi, há a registar os movimentos à profundidade de Coutinho que arrastou o lateral para dentro. Koke deveria ter alinhado pela linha defensiva, não o fez e o grande passe do argentino entrou no espaço que deixou para Arias.

Numa das melhores jogadas colectivas do Barcelona que começa à esquerda, tem a saída a 3 que permite a Lenglet progredir com bola e fazer passe entre linhas para Suarez que desta vez conta com o apoio de Coutinho para desequilibrar. A linha média do Atlético demora a reagir à mudança de corredor e Koke não fecha o espaço central, acabando a bola por entrar nas suas costas. Mesmo assim o lance não fica propriamente fácil para o Barcelona mas quando os protagonistas são Suarez e Coutinho a solução fica mais perto. 

Sobre Lahm 42 artigos
De sua graça Diogo Laranjeira é treinador desde 2010 tendo passado por quase todos os escalões e níveis competitivos. Paralelamente realiza análise de jogo tentado observar tendências e novas ideias que surgem no futebol. Escreve para o Lateral Esquerdo desde 2019. Para contacto segundabola2012@gmail.com

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