A pressão sem pausa e a dupla largura – Final da Liga Europa

Assistimos ontem a um duelo interessante em Baku, na final da Liga Europa.

O Arsenal arriscou forte num sistema que lhe permitiu pressionar alto, apostando em muitos duelos individuais. O seu 5x2x1x2 asfixiou o Chelsea na primeira fase do jogo. Com os médios a encaixar no triângulo invertido do londrinos (1 Jorginho + 2 Kanté e Kovacic), a teia montada por Emery vivia do condicionamento feito à construção adversária.

Os alas do Arsenal dividiam entre os extremos abertos do Chelsea e os laterais que se colocavam em zonas mais baixas. De forma a pressionar alto, eram esses alas que sprintavam para limitar as ações do laterais.

Foi desta forma que o Arsenal encaixou e ficou por cima do encontro. O Chelsea parecia não encontrar soluções dentro do seu modelo para contrariar os problemas trazidos por Emery. Ainda que, numa ou outra situação, David Luiz percebe-se o caminho que a sua equipa poderia traçar para saltar a pressão do adversário.

No entanto, a forma como o Arsenal geria a posse de bola fez com que os seus jogadores fossem perdendo a frescura para pressionar. Faltou pausa. Faltou aumentar o tempo de duração de cada posse para que após a perda, a equipa pudesse continuar a ser altamente agressiva sobre o portador.

Não valorizando a bola, o Arsenal foi perdendo fulgor e com isso ficou refém de uma estrutura tática que pode trazer imensos problemas. E foi o que aconteceu.

Arsenal a defender com 7 elementos atrás da linha da bola.

Falhando a pressão alta, a equipa viu-se obrigada a baixar. O seu 5x2x1x2 foi bem atacado pela equipa de Sarri. O Chelsea ataca, normalmente, com dois jogadores a dar largura no mesmo corredor. Isso fez com que os alas da linha de 5 não pudessem saltar na contenção numa linha mais avançada, ao lado dos médios centro. Os extremos do Chelsea fixavam os alas e a linha média do Arsenal ficava a ser controlada apenas por dois jogadores (Xhaka e Torreira). 

Este problema ficou evidente ao longo do encontro. Quando os médios eram chamados a ser contenção ao corredor lateral, abria-se um espaço enorme do lado contrário. Foi dessa forma que o Chelsea chegou ao golo, acabando por desbloquear a partida.

A utilização da dupla largura surge de forma a contrariar a grande moda das linhas de 5, sobretudo, quando estas se fazem acompanhar de linhas médias compostas por 2 ou 3 elementos. Talvez, mais tarde, volte para explicar a grande utilidade desta resposta que vai surgindo por parte dos melhores treinadores europeus.

Para os problemas ofensivos surgem respostas defensivas, para os novos problemas defensivos surgirão sempre novas respostas ofensivas. Pelo menos, para aqueles que estão em constante reflexão.

Sobre Bruno Fidalgo 83 artigos
Licenciado em Ciências do Desporto. Criador e autor do blog Código Futebolístico. À função de treinador tem aliado alguns trabalhos como observador.

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