A pressa que é inimiga do toque, a vitória que te engana – De Inglaterra à Argentina

Em Inglaterra o público faz-te ter urgência em ir para a baliza e que se concretize a jogada.

Diogo Dalot em declarações à

Eleven Sports

O United de Solskjaer experimentou mais recentemente alguns resultados positivos e até surpreendentes em função daquilo que é a real valia da equipa nos tempos actuais – Vitória em Londres perante o Chelsea e os dois triunfos sobre o City.

Os valorosos resultados chegaram depois de jogos em que os “Reds” passaram a maioria do tempo remetidos ao seu momento de Organização Defensiva, e com algumas marcas bem características daquilo que sempre foi o futebol em Inglaterra – Muita pressão e disponibilidade física e mental para as tarefas defensivas, com cada jogador a dar-se a duelos intermináveis pela conquista da bola, e com bola a procura de esticar rapidamente o jogo até à baliza adversária – Aproveitando investidas velozes e individuais de Martial e Daniel James.

Ao contrário do rival City, o United de Solskjaer deu às pessoas (de uma cultura britânica muito enraizada) exactamente aquilo que pretendem e adoram, e a percepção do sucesso obtido será antes de tudo o mais um retrocesso na forma de pensar o jogo em solo inglês. Não que não seja legitimo, ainda para mais em jogos de tal natureza, recorrer-se a um plano estratégico mais vincado. O problema que o United poderá enfrentar, enganado pela vitória, é crer que tal estilo é receita para o sucesso nos dias de hoje. Problema maior será ainda a crença que tal provocará em todos os outros agentes, aumentando ainda mais a pressão para um jogar… cada vez mais… menos resultadista!

…muitas vezes estamos limitados no que podemos manipular… tu lembraste do que é querer estar a jogar da maneira que gostamos mais, a querer  jogar da maneira que nós temos a certeza que nos ia aproximar do sucesso, e tendo em conta o que tínhamos nas mãos sabíamos de certeza que era assim, e se for preciso tinhas a bancada toda a querer que os jogadores tivessem fisgas nos pés e que a bola tem é de estar lá na frente ao pé da baliza adversária. As pessoas não têm noção do que a pressão de trás faz nos jogadores e influencia o que se está a passar.

Bruno Pereira, Treinador na Aspire Academy no Qatar

United nos 4 momentos, partindo do 5x2x3

E se a cultura própria de cada país, mesmo quando aplicada ao futebol é tão influenciadora da tomada de decisão dos jogadores, não haverá outra que provoque sensações como a do estilo argentino.

Existe un estilo argentino de jugar. Es el público quien impulsa esta creación. Cuando la pelota pasa de la defensa al ataque por abajo, a ras del piso, el publico se siente cómodo. Cuando pasa por arriba constantemente se incomoda. Cuando yo dirigía a Vélez y Newell’s, si la pelota no iba ras del suelo, sentía el murmullo de las tribunas

Marcelo Bielsa

O amor pela bola levado ao extremo. A “menina” que é respeitada e tratada com elegância e irreverência de [haverá êxtase maior que um “caño” num Boca x River?], e que por tanto importar torna os adversários em autênticos cães de caça que procuram recuperar o seu tesouro o quanto antes, e aí investem toda a energia.

Colocar Ordem no plano defensivo é a dificuldade maior. Não porque os intervenientes se coíbam das suas tarefas, mas porque a fúria da recuperação impede tantas vezes o racional e a organização.

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