Lições de Jesualdo Ferreira

Jesualdo Ferreira, actual treinador do Santos FC foi o convidado em mais um episódio extraordinário da Quarentena da Bola por Rémulo Jonátas, e nós reunimos algumas das ideias fortes do professor:

“Para ensinar, existem três comportamentos fundamentais: Escrever, Imagens e Comunicar! Para operacionalizar uma ideia, vais precisar sempre destes três comportamentos.”

“As grandes influências no trajeto de um jogador são sempre os treinadores, as equipas onde eles estão e nos espaços profissionais onde estão inseridos.”

“Ser treinador é ensinar e propor os melhores desafios de crescimento e desenvolvimento de um jogador.”

“Respeito da individualidade de cada um, do que eles tem, do que são capazes de fazer. A influência que eles vão ter, vão ter que ser sempre: NÃO TENS QUE FAZER ISTO PORQUE EU QUERO, MAS VAIS FAZER ISTO PORQUE É MELHOR PARA TI E PARA A EQUIPA. São formas diferentes de comunicar!”

“O Quaresma era um jogador com uma qualidade técnica fora do normal, invulgar, o Quaresma era um jogador que inventava jogo, mas era curioso porque ele percebia-o. Ele também disse, eu ia para o jogo eu já sabia que ele ia fazer 4 ou 5 coisa erradas mas a seguir fazia uma assistência e fazia um golo, porreiro. Mas jogo a jogo o Ricardo foi conseguindo aprender a jogar melhor dentro daquilo que era a sua individualidade, fantástico. Vou-lhe dar outro exemplo, Bruno Alves. Eu quando entrei disse olhe queria que o Bruno Alves ficasse no Porto porque para mim ele vai ser titular no Porto. O Bruno a única coisa que fez foi aprendeu a jogar, olha que giro não custou nada, aprendeu a jogar. Todas as propostas que foram feitas ele percebeu-as, e então deixou de ser um jogador agressivo mas era agressivo, deixou de ser um jogador que pontapeava o adversário mas quando era preciso também o fazia, era um jogador que tinha uma capacidade técnica invulgar para um central, era um jogador que tinha um jogo aéreo fortíssimo, e era um jogador que acima de tudo era capaz de se manter concentrado durante 90 minutos que é uma característica muito pouco vulgar em qualquer jogador. Portanto o Bruno tinha tudo, não sabia era jogar, aprendeu a jogar.”

“Quando você têm uma equipa que compreende os principios de jogo e já entende os momentos do jogo, está claramente mais próxima de ter sucesso. Eu acho que as melhores equipas, são aquelas que, todos eles sabem o que é que o 2 tem que fazer, o 3 tem que fazer, o 5 tem que fazer, o 7 tem que fazer, o 9 tem que fazer, o 10 tem que fazer e lá na frente o avançado sabe o que é que o guarda-redes também tem que fazer, significa que essa equipa atingiu conhecimento do jogo e conhecimento enquanto equipa que lhe permite durante o jogo muitas vezes resolverem problemas.”

“Para mim, o jogo exterior é fundamental para que tenha um jogo interior muito forte.”

“Ser treinador é na minha opinião, ensinar, e propor os melhores desafios de crescimento de desenvolvimento de um jogador. Por isso é que eu não aceito muito que os jogadores cheguem, o jogador tem defeitos e continuam com defeitos até ao fim da sua carreira, eu não aceito que haja jogadores que se vem jogar aos 24 e 25 anos e aos 30 quase são iguais, há aqui claramente deficiência do seu treinador, mas poderá haver deficiência do jogador que não aceita ou não quer que as coisas venham a acontecer de forma diferente.”

“Você terá sempre jogadores pequenos numa equipa pequena, e você pode ter jogadores grandes numa equipa pequena, vou lhe dizer mais, você as vezes tem clubes grandes com equipas pequenas e as vezes tem clubes pequenos com equipas grandes, e em Portugal há muitos casos desses.”

“O Futebol mudou muito mas há muita coisa que se tem mantida. A bola é igual, o espaço de jogo é igual há uma linha de 4, linha média e uma linha avançada. Se não tenho no meu 4x3x3, 3 médios que se complementem, que sejam capazes de chegar na área eu não tenho o meu 4-3-3. Se eu não tiver médios que sejam capazes de ter uma pressão alta dando sempre estabilidade atrás para poder ganhar a bola mais acima eu não tenho o meu 4-3-3. Portanto o meu 4-3-3 tem que ter jogadores que sejam capazes de o interpretar, e isso tem que acontecer com todos os treinadores. São os jogadores que dão a identidade à equipa”

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