
A diferença entre um médico e um treinador é que o médico só faz mal a uma pessoa de cada vez
Francisco Silveira Ramos
Nas redes sociais do FC Porto surgiu uma imagem de Romário Baró realizando um exercício que se parece perceber ser integrante do trabalho funcional de força, e não tardaram as espantosas (desinformadas) opiniões sobre o trabalho desenvolvido.
Aproveitou-se a primazia que Sérgio dá ao perfil físico do seu jogo, para condenar o tipo de trabalho realizado, como se tal não fosse o normal em qualquer realidade, ou não fosse sequer correcto e… determinante (não necessariamente a cópia do exercício em questão, mas do objectivo pelo qual este foi pensado).
Porque por vezes sinto que posso ter contribuído para uma interpretação tão enviesada sobre a importância das capacidades físicas – Afinal sempre se defendeu por cá, e continuamos a fazê-lo, a predominância do cérebro sobre o físico – Que é diferente de acreditar que qualquer pessoa pode ser desportista – seja futebolista ou outra modalidade, independentemente das suas capacidades motoras, sinto-me na obrigação de tecer alguns considerandos, explanando a minha opinião… de sempre!

Qualquer profissional ou não (!) que tenha tido a possibilidade de cursar Desporto tem a obrigação de perceber a importância do trabalho das capacidades motoras. Diria que qualquer pessoa com responsabilidade de pensar e orientar um treino deve ter essa mesma noção – Deve tentar estudar, perceber e evoluir!
Mais! Estas (capacidades motoras) são fundamentais no Desporto, mas são também determinantes no próprio desenvolvimento do jovem não desportista! Se no alto rendimento descurar o seu desenvolvimento / manutenção trará por certo derrotas, lesões e descrédito, mais grave será pensar que pode haver treinadores de jovens que não têm presente a importância de tal trabalho. Afinal, essa é a idade crítica para esse trabalho!
E não, as formas jogadas nunca trarão a dosagem (número de repetições / séries / intervalo) obrigatória em determinadas capacidades.
O treino, como provavelmente tantas outras coisas na vida, deve ser estudado, percebido e executado tendo por base conhecimento e não “achismo”. E mesmo que eu afirme que o meu jogo é cognitivo, este nunca se separa. O corpo não se separa da mente, ou vice-versa. Mais, um jogador mais consciente do seu corpo e em melhor condição, decidirá infinitamente melhor!
Por melhor que seja a minha intenção, melhor será executada se tiver o devido suporte motor. Um jogador que só corre não tem absolutamente nada de especial, mas acreditar que a boa funcionalidade física / motora não é importante, é acreditar que ainda hoje Maradona (aos 59 anos) poderia ser futebolista. Afinal garantidamente (?) que continua a ter a mesma percepção do jogo.
Portanto meus amigos, tenham os preconceitos que tiverem – Há quinze anos estes versavam sobre o oposto de hoje – Crer que o jogo se jogava com inteligência era uma ultraje semelhante aquela que hoje uma facção acredita ser o depender-se de capacidades físicas (mais ou menos desenvolvidas) para jogar futebol – fiquem bem cientes que se estão ou pretendem estar no treino, NÃO PODEM SER SÓ UMA METADE.
Afinal, a responsabilidade de um treinador é maior que a dum médico. Os maus, matam 20 de uma vez!



Deixe uma resposta