É preciso máquina de calcular, Senhor Makkelie?

Quatro pontos em dois jogos. Um dos quais no terreno do potencial maior adversário ao triunfo no grupo. Ao contrário do que é useiro e vezeiro, Portugal deu na sua caminhada inicial passos importantes para poder guardar a máquina de calcular cedo, e caminhar até ao fim sem necessidade de saber o que se vai passando nos outros campos. Contudo, depois da vantagem alcançada no primeiro período, o resultado na Sérvia é uma tremenda desilusão.

Bola e Eficácia. Assim foi a primeira parte lusa na Sérvia. A talentosa equipa das balcãs rematou uma vez mais, mas na realidade sem perigo o suficiente para assustar verdadeiramente a baliza de Anthony Lopes. Portugal instalou-se no meio campo ofensivo, geriu a posse – Na construção adversária pressionou colocando igualdade numérica no lado da bola – Centrais com avançados, médios com interiores lusos – e com isso retirou possibilidades à equipa Sérvia de ser minimamente perigosa em ataque posicional.

Estatística da 1ª Parte
Pressão em Organização Defensiva

O jogo tranquilo luso não criou chances em catadupa. Bem pelo contrário. Porém, a capacidade de definição das individualidades portuguesas é nos dias de hoje tão elevada que a eficácia serviu-se em forma de cabeceamentos de Diogo Jota.

Bernardo voltou às noites de grande acerto técnico. O “baixinho” não descobriu apenas de forma formidável o espaço onde Diogo Jota finalizou, mas trouxe também para o jogo capacidade para decidir de forma assertiva. A forma como manipula os tempos do jogo ora travando ora acelerando, ora mantendo bola ora servindo os colegas foi uma vez mais própria dos grandes talentos do futebol Mundial

Uma entrada completamente em falso no segundo período valeu o golo Mitrovic e o empate na partida, e pouco depois – Logo com 15 minutos – mais uma saída pós perda o empate.

Portugal não produziu um jogo de nível criativo – Pecou por não elaborar o seu jogo em ataque posicional, e sem contra ataques para realizar esteve sempre discreto e sem possibilidades para ser feliz. Porém, o lance marcante do jogo surgiu no último minuto da partida.

O lance que o árbitro holandês Makkelie não validou

Cristiano Ronaldo depois de um jogo bastante apagado faz o terceiro golo luso – aquele que daria a vitória, e vê o mesmo inacreditavelmente não ser validado. O que se seguiu só poderá ser condenável por quem não tem passa por injustiças tremendas na sua profissão. Quem depois de um jogo menos conseguido, e portanto a necessitar ainda mais do golo – para lá da sua importância maior que seria dar a vitória ao seu país – reagiria com naturalidade e boa aceitação? Criticar Ronaldo pelo que se seguiu depois do golo não validado só será próprio de quem ou é perfeito (sim, sim…) ou não tem um pingo de noção.

12 Comentários

  1. Não é uma questão de pingo de noção ou ser-se perfeito. O que me deixa um quanto incrédulo é que ele já estava quase fora do campo, ao pé do túnel, quando o GK nem sequer bateu a bola, e faz aquele aparato todo. É a vida, a injustiça é muito comum no futebol. Para além disso, a equipa só colheu aquilo que plantou.

  2. “O que se seguiu só poderá ser condenável por quem não tem passa por injustiças tremendas na sua profissão. Quem depois de um jogo menos conseguido, e portanto a necessitar ainda mais do golo – para lá da sua importância maior que seria dar a vitória ao seu país – reagiria com naturalidade e boa aceitação? Criticar Ronaldo pelo que se seguiu depois do golo não validado só será próprio de quem ou é perfeito (sim, sim…) ou não tem um pingo de noção.”

    Não gozem. Vocês permitem e bajulam que se continue a achar normal estas atitudes de m**** de um animal competitivo que antes de chorar por golos anulados tem que honrar a braçadeira que transporta. Faz isso em todas as acções de jogo em que o árbitro erra? Por amor de deus.

  3. “Criticar Ronaldo pelo que se seguiu depois do golo não validado só será próprio de quem ou é perfeito (sim, sim…) ou não tem um pingo de noção.”

    Sou um leitor ávido do LE, mas esta frase está fora de lugar. Criticar o capitão da seleção por sua atitude automaticamente nos coloca em duas caixas nada lisonjeiras. Não há espaço para outra interpretação? Assim, atrevo-me a pensar que a atitude do Ronaldo foi indigna de um capitão e de um líder, infelizmente não me surpreende. CR7 é provavelmente o melhor finalizador de todos os tempos, é excepcional. Mas na minha opinião ele nunca teve e nunca terá o carisma de um líder, muitas vezes ele tem as atitudes de uma criança e esta noite foi mais uma.

    Peace

  4. Espero que este blog não siga a tendencia de começar a falar de arbitragens como forma de justificar resultados e comportamentos de jogadores.

  5. Curioso que este tipo de reações do Ronaldo só surgem quando o próprio vê o seu protagonismo e notoriedade serem atacados. Aconteceu há uns anos num amigável contra a Espanha em que o Nani “lhe anulou” um golo de antologia e a braçadeira lá foi parar ao chão em sinal de frustração. Estávamos em 2011, o rapaz era novo (embora com meia década de braçadeira) e ninguém viu grande mal naquilo (afinal era contra a Espanha).

    Eis que anos mais tarde voltamos a ter uma reação semelhante movida pelo combustível de 2011, ego e o desejo patológico de ser ele o rei da festa. Acresce que em 2021 o combustível é aditivado pelo fantasma do Iraniano goleador, pelas críticas italianas e pela exibição horrível ( para ser simpático) do craque luso contra os lenhadores e pesacadores Azeris que tiveram o condão de reancender as dúvidas, legítimas, sobre o méritos de um onze luso sem Ronaldo e, direi eu, sobre quem é atualmente o grande jogador desta seleção (direi que não é Ronaldo).

    Em suma, e na minha humilde opinião, esta foi a reação de um jogador que se sente acossado no seu ego, e que viu naquele remate de ontem, como naquele golo anulado em 2011, uma afronta maior do que ela realmente foi.

  6. Fartam se de falar aqui sem terem uma mínima de noção o que é estar dentro de campo e as emoções subirem para níveis altíssimos, falam porque nunca tiveram lá dentro e nunca sentiram isso. Últimos lances, eu faço golo que tornaria a minha equipa vencedora e o mesmo é a anulado. Percebo perfeitamente a atitude do Ronaldo numa perspectiva de explosão emocional e quando se tem paixão por aquilo que se faz e se representa. Esses teóricos que me façam um favor e vão mas é dar opiniões para a revista Maria.

    • Como vês, lendo atentamente os comentários de todos os utilizadores, há muita gente que não gostou do gesto. Não é preciso ter sido jogador ou atleta para dizermos que tipo de exemplos queremos quando a frustração assola o próprio jogador ou o colectivo (ou até a nação inteira, se quisermos).

      Ninguém com bom senso, que já tenha visto muito futebol, muitos líderes, muitos casos, entende como isto passa em claro e é relativizado. Não é sinónimo que não se perdoe, mas como é possível que o seleccionador e a corte em que se tornou aquela Federação relativize todas as más acções do Ronaldo? Como é possível que ninguém o recrimine? Ronaldo vive numa bolha à parte (onde os livres batidos, sem que ninguém se imponha e lhe tire a bola, é o quadro mais ridículo disto tudo).

      Eu quero um capitão que domine a frustração, não quero um capitão que perca as estribeiras por um golo mal anulado (muito depois do ocorrido, depois de ter levado cartão e de ter falado com o árbitro). Quero um capitão que não vire as costas à luta e à injustiça. Não estamos a falar da primeira vez em que isto aconteceu, alguém já lembrou a choradeira do golo anulado do Nani, que qualquer análise das emoções percebe que aquilo é um exagero.

      Era o que mais faltava termos que comer e calar estas atitudes infantis. Que pouca gente seja exigente com estes eventos é algo que me incomoda muito mais do que o golo de meio metro mal invalidado.

  7. Arrisco que este será o pior post do LE. Acompanho-vos desde o início, mas isto não tem o mínimo de cabimento.

    Vamos por partes.

    O Cristiano é um dos mais notáveis atletas do mundo. Recebe por isso. Trabalha por isso. Tem esse estatuto por mérito e pelo que conquistou ao longo da sua carreira. Granjeou o respeito por parte dos seus colegas, treinadores e adeptos.

    Dito isto, essa notoriedade também lhe traz muita responsabilidade.
    E isso implica que não possa ter estas atitudes absolutamente reprováveis em quaisquer circunstâncias em que, não só atira a braçadeira ao chão, como ainda abandona o campo e a equipa antes de acabar o jogo.

    Se se exige claramente isto a um atleta sem o estatuto do Cristiano, obviamente só tem de se exigir, ainda mais, a alguém na sua posição. Desculpar esta atitude é lamentável e cria uma narrativa, para a qual os jovens até são susceptíveis, em que percebem que talvez não tenham de exigir que aceitem os erros dos outros mas exijam que aceitem os seus.

    Este paralelo para dizer o seguinte: o mesmo Cristiano que sai furioso com o árbitro porque errou, passou 180 minutos a errar. Em catadupa. Fez duas exibições tenebrosas em que talvez só seria pior se jogássemos com dez elementos. No entanto, poucas ou nenhumas críticas lhe foram dirigidas.

    Temos de exigir mais a quem chega mais alto. É esse o preço que pagam pela sua notoriedade e sua qualidade. Não se é só um grande campeão quando ganha. Também tem de se ver na frustração e na derrota. Passar um pano por cima disto, num blogue que faz do futebol de formação uma das suas bandeiras, é irresponsável e anti desportivo.

  8. Oh agora já se fala de arbitragens? Pela boca morre o peixe, coitado…

    Sobre as atitudes deste ou daquele madiê não tenho grande opinião e não me parece ser grande assunto.

    Até porque não vi, nem queria ver estas peladinhas em nome de sabe-se lá o quê, apesar de também eu apresentar uma boa conta pessoal de parvoíces e atitudes equivocadas. Digamos que é a vida. Não há aqui nada de relevante.

    Sobre o jogo sim, tudo é passivel de se tornar mais interessante.

    O CR pode até estar num certo Olimpo, seguramente, mas estou me perfeitamente cagando para o resto, muito menos para abordagens chauvinistas e parciais. Se ele não gosta que lhe apontem a realidade – está velho e neste momento serve apenas para encostar uns golos, o que já é admirável! – pois ainda mais vontade tenho de repetir: é um atleta em decadência (apesar dos altos níveis de profissionalismo e dedicação), algo perfeitamente natural e que se verifica em todas as pessoas, que em termos de jogo aporta muito pouco às suas equipas neste momento.

    Para além do mais, a presunção incluída neste texto rasca sobre quem tem ideias diferentes diz incomparavelmente mais sobre vocês do que sobre quem as profere.

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