
“Às vezes, não sou muito valorizado por aquilo que faço ao longo de um projeto. Como treinador, nunca tive formação, a carreira foi no campo, passei de jogador logo para treinador. Aos poucos, vou melhorando. Foi um trabalho que me deu grande satisfação, deu para tirar um pouco aquela ideia que o Petit só salva equipas.”
Petit, treinador do Belenenses SAD
Se é verdade que a estrutura de 1-3-4-3 parece ser uma moda que veio para ficar no nosso campeonato, por outro lado, e como consequência, o facto de se tratar de uma estrutura numérica simétrica torna muito tentador a utilização (em organização defensiva) em espelho desta mesma estrutura com a adoção de marcações individuais a campo inteiro. A verdade é que o quarteto da frente (Sporting, Porto, Benfica e Braga) já se apresentou neste sistema e com este intuito nos jogos entre si, com o equilíbrio a permanecer (resultados muito nivelados), com o exacerbar dos duelos individuais e da dificuldade em jogar de frente tal era o encaixe posicional. E se o Sporting CP foi a equipa que mais sucesso teve neste registo, é de esperar que durante o verão os principais rivais estudem possíveis alternativas para desmontar a estrutura leonina e algumas pistas podem ter estado no duelo entre os comandados de Rúben Amorim e o… Belenenses SAD. Em ambos os jogos, a equipa de Petit causou grandes dificuldades ao campeão nacional e recentemente, numa entrevista ao podcast “Em jogo, por Luís Viegas“, o treinador-adjunto Franclim Carvalho desvendou algumas das ideias estratégicas por detrás da organização ofensiva dos azuis do Restelo nestas partidas:
Resumindo então em ideias-chave, temos (assumindo uma estrutura de 1-3-4-3 em organização ofensiva):
- Provocar o espaço de forma indireta – para criar esse espaço nas laterais de Palhinha e para permitir que seja de facto um espaço “útil” (que o portador possa lá receber e enquadrar) é necessário também garantir que os centrais exteriores do Sporting sintam alguma hesitação sobre encurtar à frente da linha defensiva. Para tal, é necessário colocá-los em desconforto permanente no controlo da profundidade com os movimentos de rutura do avançado-centro a surgirem invariavelmente nas costas destes centrais e não tanto na de Coates.
- Atrair João Mário à pressão à frente – aproveitando o facto de existirem referências individuais na primeira fase de pressão (pressão de 3v3 dos avançados sobre os centrais, os alas retornam à linha defensiva mas com referência dos alas contrários e 2v2 no meio), baixando em apoio um dos médios em comportamento de “6 único” à frente da saída a 3 provavelmente provocará um acompanhamento por parte de João Mário.
- Criar superioridade nas laterais de Palhinha – criado o espaço é então altura de ativar os movimentos em apoio para as laterais de um agora isolado Palhinha, sendo esse movimento efetuado pelos avançados interiores que depois são responsáveis por dar continuidade à organização ofensiva por via da tomada de decisão (acelerar ou colocar pausa).

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