Benfica de duas faces nos Açores

Novo jogo, problemas antigos. Este Benfica tem imensas dificuldades em zona de criação e, não fosse um gesto de Rodrigo Pinho naquilo em que o brasileiro é mais forte, diagonal curta e finalização, e os encarnados tinham tido muitas dificuldades em desbloquear o placar até aí.

Cedo se percebeu que era na busca da profundidade que poderia estar o ouro para o Benfica. E tudo começa nas alas. Se a velocidade e potência de Darwin saem favorecidas com a sua deslocação para a ala, ao uruguaio falta tudo o resto. Falta ao avançado qualidade no gesto técnico, capacidade de decisão e até, alguma habilidade motora. Foram incontáveis os ataques, na primeira parte que, chegando aos pés de Darwin e foram vetados ao fracasso.

Do lado oposto, Éverton mostrou duas caras no jogo. Como a equipa, o brasileiro encontra dificuldades em enfrentar linhas defensivas densas e que retirem o espaço na profundidade.

A segunda parte pareceu outro jogo, por três fatores essenciais: o primeiro a entrada de Rafa. As capacidades do internacional português em condução e quando com espaço para acelerar são um caso único em Portugal, e quando a primeira linha de pressão começou a deixar de pressionar no timing certo a saída de bola encarnada, esta encontrava Rafa entre linhas a acelerar, beneficiando de um bloco adversário largo no campo e que se desintegrou após o segundo golo.

Weigl é cada vez mais um pêndulo do modelo encarnado. Se o alemão sai beneficiado com a parceria com João Mário, revela-se também, cada vez mais, como o protagonista da liderança da equipa. É ele quem define quando a equipa deve acelerar ou pausar o jogo, Weigl é a liderança serena do Benfica, alavancada numa mudança de modelo com os princípios defensivos cada vez mais consolidados.

E se a solidez defensiva tem sido a chave-mestra deste arranque “limpo” dos encarnados na liga, o Benfica hoje juntou-lhe a eficácia. Cinco golos em cinco remates enquadrados foram a marca de água de um placar desnivelado que esconde uma primeira parte muito fraca do Benfica.

HOMEM DO JOGO

Rafa entrou ao intervalo e virou o jogo de pernas para o ar. Sempre a aparecer nas costas da linha média adversária para fazer o que sabe melhor, acelerar e enquadrar com a baliza adversária numa condução vertiginosa. Um golo num soberbo pontapé foi a cereja no topo do bolo em quarenta e cinco minutos sublimes. Fosse mais eficaz na sua tomada de decisão e já não estaria na nossa liga.

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