Tão diferentes e tão iguais

O caminho para Benfica e Sporting criarem vantagem nos seus jogos do passado fim-de-semana foi deveras parecido. Cada vez mais, qualquer jogo em que um grande entre é definido maioritariamente pelo bloco mais recuado da equipa que o enfrenta, e como tal os raros momentos em que esse adversário sobe são, cada vez mais, chave. E quer Benfica, quer Sporting (como também o FC Porto que, desta feita, desbloqueou o seu jogo de outra maneira) contemplam nos seus planos esses momentos como sendo perfeitos para atacar a profundidade. Poderiam ter utilizado a bola e o espaço para controlar, para tocar e ir afundando o opositor. Mas preferiram criar condições para a profundidade, abdicando de opções entrelinhas, apostando tudo (ou quase tudo) no espaço entre linha defensiva e guarda-redes.

E se assim foi, com eficácia comprovada, a questão que fica para quem tem de se defender destes ataques é: não havendo possibilidades de a bola entrar entrelinhas, os defesas deverão retirar profundidade mais cedo? Veja-se até o caso de Darwin que, habilmente, se coloca à frente da linha defensiva ganhando metros aos opositores antecipadamente. Bem sei que fácil é responder a estas questões posteriormente e a nível teórico, mas a realidade é que há um gap entre defesas e ataques na antecipação dos lances. E a solução para a competitividade na Liga aumentar é diminuir esse gap, fazendo uso do estímulo e da antecipação.

Não se aflijam, vai continuar a haver golos. Até porque a diferença de qualidade vai continuar a existir. Mas à medida que a leitura dos lances – especialmente aqueles em que os pequenos têm de jogar como grandes – vai evoluindo para patamares semelhantes, a competitividade certamente aumentará. E todos ficamos a ganhar com isso. Como fazê-lo? Mudando o paradigma de uma ideia para a maioria das situações para várias ideias para várias situações. Não que passe a ser fácil, até porque quem tem a bola tem o poder de decidir. E quem não a tem, tem de intuir, antecipar, antever. Algo que não fica ligado só às linhas defensivas, mas também aos avançados e médios. E se é para pressionar e esticar a equipa, as bolas descobertas terão que ser evitadas ao máximo. Fácil falar. Eu sei. O que não implica que esse gap não possa ser encurtado e a competitividade aumentar.

O porquê dos metros ganhos: É no caso do lance do Estoril-Sporting, mais evidente. Assim que Sarabia roda, Paulinho e Jovane aceleram. E ainda que o lance estimule Patrick a reação é mais tardia – como o frame comprova: Paulinho já em aceleração; Patrick (que até fez um bom jogo) um tudo(!) ou nada menos rápido. De notar também que Sarabianão tem qualquer oposição, mesmo com a equipa do Estoril totalmente esticada.
No caso do Benfica, não só Yaremchuk mas também Darwin que, antecipando o lance, posicionou-se sempre de forma a ganhar metros antes de partir. Algo que nos remete para duas coisas importantíssimas: ao escolher-se o caminho da pressão, o espaço dado ao adversário deve-lhe sair mais caro. E sempre que não funcione como se gostaria, a antecipação (tendo como exemplo os avançados) é chave, neste caso, para se evitarem desvantagens.

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