Faltou cumprir-se Portugal

Um golo madrugador e um início que empolgou foram o catalisador para o que desejava o selecionador quando construiu o seu “onze. Uma estratégia de contenção que rapidamente se viria a transferir em noite de aflição e desilusão.

Com três homens a condicionar o início de construção pelos centrais e os dois alas a pegar nos laterais lusos, Portugal foi sempre revelando imensas dificuldades em ligar jogo de forma curta e apoiada. Também porque Fernando Santos desenhou o seu meio campo com uma maior preocupação no momento sem bola do que nos momentos em que a teria. Mas se a tivermos muito pouco tempo, as dificuldades serão sempre mais do que muitas.

Tadic, transformado no quinto elemento da linha média foi sempre um quebra-cabeças, sobretudo na primeira parte, período em que o jogo ofensivo da seleção nacional viveu das arrancadas de Renato e da pausa que Bernardo dava a um jogo demasiado partido, vindo da direita para dentro. Foi por isso que, antes de ir ao banco, Fernando Santos encosta Renato ao corredor direito e puxa Bernardo para jogar entrelinhas, que posteriormente viria a dar lugar a Bruno Fernandes.

Com a mudança sérvia para os dois pontas de lança, Fernando Santos decide ajustar o seu sistema para uma linha de três, na busca de que, com o encaixe tático com o adversário trouxesse a estabilidade de que a equipa necessitava para gerir o jogo e o resultado.

E se essa mudança trouxe um jogo mais sereno e de menos transições, a verdade é que nunca conferiu controlo de jogo à equipa portuguesa, que com um bloco muito recuado demonstrou sempre mais medo de sofrer do que vontade em marcar.

E se o bloco baixo foi protegendo o corredor central, o mesmo não se pode dizer dos corredores laterais, de onde surgiram, até final, as principais ameaças da seleção sérvia, de onde viria a surgir, em mais uma ação de cruzamento, o golo que viria a dar o apuramento aos sérvios, empurrando Portugal para mais um playoff.

Portugal tem uma das melhores gerações de jogadores da sua história, mas tem um ideário de jogo que pensa, primeiro, em não perder e só depois em ganhar. Foi assim hoje. E quando assim é, uma equipa, por mais valores individuais que possua, fica mais perto do insucesso.

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