E agora para algo completamente diferente (com resultado quase igual)

Depois de visto o segundo Porto-Benfica no espaço de uma semana, seria quase criminoso não achar que as ausências e o tumulto que o primeiro confronto gerou no Seixal não deixaram marca. Se do lado do FC Porto as baixas de Díaz e Evanilson tiraram aquela capacidade de pressão que ajudou a derrubar o Benfica na passada quinta-feira, do lado encarnado as decisões de Nelson Veríssimo acabariam por pesar no jogo. Se já se sabia de antemão que o Benfica iria evitar ao máximo as saídas de bola junto à sua área, o 442 desenhado pelo novo timoneiro das águias não se revelou solução e acabou por não evitar problemas. Só assim, um FC Porto muito abaixo do seu habitual pôde conseguir um resultado muito parecido ao de há uma semana e que mascara algumas dificuldades no controle e criação – algo que nunca esteve em causa no confronto para a Taça. E voltando a Evanilson e a Luis Díaz, foi até quem supriu as suas ausências a abanar o cordame de Vlachodimos. Fabio Vieira primeiro e Pepê, pouco depois, adiantaram um FC Porto que ainda assim não escondeu a enorme falta de rasgo que o seu melhor jogador lhe dá – quer em organização ofensiva, quer em transição ofensiva, enquanto que o Benfica tentava encontrar-se baseado em duas premissas: evitar as bolas recuadas que activam pressão, e tentar congelar, de pé para pé, aquele ímpeto que se espera da equipa da casa. Algo notório na bola de saída das águias (bola endossada para o último terço) e nos pontapés-de-baliza onde Vlachodimos só para lá da meia-hora tentou saída curta.


Notas sofascore

Algo que o FC Porto manteve também do último jogo para este. A procura do espaço nas costas da linha defensiva do Benfica, não só colocava enormes dificuldades a Vertonghen e Morato, como esticava o Dragão para junto de onde queria que se desenrolasse o jogo. E mesmo sem aquela capacidade de pressão reconhecida por todos, foi assim que chegou ao primeiro golo (Fábio Vieira 34′). Um bola nas costas que acaba em lançamento lateral, lugar por onde começou a ser construída a jogada onde Taremi temporizou e foi feliz num ressalto que a chegada de Fábio à área transformou em golo. Um período manifestamente feliz para os dragões que, pouco depois, viram Pepê aparecer de rompante para finalizar de cabeça uma jogada que deixa mal a organização defensiva do Benfica. Os rasgos dos portistas iam aparecendo e não se pode dizer que Fábio e Pepê tenham sido más escolhas. Contudo, a bola que o Benfica ia tendo confirmava a maior inoperância do FC Porto naquele que é um dos seus pontos mais fortes e que com Díaz (incansável nas perseguições e pressão) e com Evanilson (ou Toni Martínez) funciona como um relógio suíço. Já o Benfica acabava um período do jogo onde se mostrava confortável, numa confiança ganha no tal pé para pé e no sentir que a pressão do Dragão não mordia como há uma semana – algo que acabou naturalmente com os golos de Fábio e Pepê.

Notas Sofascore

Porém, esse tal pé para pé demorava em criar e em mostrar algo mais do que querer congelar. A excepção foi, claramente, Everton que, irreconhecível para os portugueses, apareceu em belo plano no um para um – algo pouco habitual desde que chegou a Lisboa. E se em transição já é esperado que o Benfica crie algo (Yaremchuk testou Costa aos 33′), aquele cabrito e cruzamento que deixam Rafa na cara do golo explicam a subida de produção de Cebolinha como único ponto alto da organização benfiquista.. Um período que acabou com os golos do FC Porto e que retornou, por momentos, aquando do reatamento. Se havia altura para marcar era aquela e Yaremchuk (47′) aproveitou de maneira eficaz uma sobra para Rafa. Contudo, um momento menos inspirado de André Almeida haveria de forçar as águias a uma desvantagem numérica que condicionou mas não matou totalmente a reação encetada na vinda dos balneários. Algo que inexplicavelmente acabaria por acontecer por decisão de Nelson Veríssimo que junta a saída de Rafa (66′) ao rol de decisões próprias que marcaram o jogo. Não mais o Benfica se viu e não foi só por causa da expulsão. É que se há coisa que confirma aquela quebra de qualidade dos dragões nos momentos de pressão, esse é um Benfica com 10 a recuar momentaneamente um FC Porto para junto da sua área. Algo que acabou, definitivamente, com a saída de Rafa e com o golo de Taremi – mas que explica de forma sucinta que o jogo do FC Porto não vestiu o seu melhor traje competitivo e que o jogo acabou por ser bastante diferente do de há uma semana (ainda que com resultado semelhante e com um Benfica a precisar de um grande reset, algo que foi um grande boost para o Dragão).

2 Comentários

  1. No primeiro golo, a bola lancada do Taremi, mesmo apos bater no jogador do benfica, vai para a frente do jogador do fcporto, isto e, com um componente ligeiro do seu deslocamente na direccao da linha de fundo; digamos de 30 graus. Entao, como consegue ele desvia-la, e mais ainda, faze-la seguir para a sua frente, isto e, num angulo perpendicular a linha de fundo? O angulo da forca exercida sobre a bola tem de ser tal que justifique a mudanca de direccao da bola, anulando a sua deslocacao da direita para a esquerda, ou seja, tem de fer sido feito por um objecto colocado ‘a esquerda da bola. Mas qual objecto, se a bola passa a frente do tronco do jogador? O seu braco esquerdo. E vejam-se varios jogadores do Benfica do lado da linha lateral direita a levantar o braco, e nao por fora de jogo (as reaccoes corporais sao mais rapidas que as verbais na deteccao a uma inconsistencia).
    Ah, e o futebol, perguntarao? Pois, se o jogador Fabio Vieira nao aldrabasse ate poderiamos falar do seu talento. E se o mundo fosse mais honesto nao iriamos passar por uma nova crise dos misseis de Cuba daqui a umas semanitas – e note-se que a crise original comecou com a colocao de misseis na Turquia. Pobre ex-civilizacao que perdeu a honestidade e a vergonha!

    • É mão, clara, pelos frames que pude ver. O VAR dormitava. Se tudo isto se passasse com o FCP, o que diriam? Pena que não pudéssemos ver mais do Benfica, uma equipa completamente destruída. Prefiro que assim seja e que renasça, do que estar a criar engodos: é preciso levantar depois de cair!

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