Wolves de Lage a conquistar Old Trafford

Vitoria histórica do Wolves de Bruno Lage em Old Trafford: 42 anos depois, o Wolverhampton voltou a derrotar o Manchester United em Old Trafford. A equipa do treinador português entrou muito bem no jogo, impôs-se perante o seu adversário taticamente e desde o primeiro minuto foi sempre a equipa que esteve mais perto do golo. Uma sofrida vitória nos últimos minutos com um golo de Moutinho, que a par de Ruben Neves, Nelson Semedo e Podence foi brilhante para os Wolves, mas a verdade é que a primeira parte foi onde a equipa mais portuguesa da Premier League se destacou.

Com 6 jogadores portugueses titulares, o Wolves atuou no seu clássico 5-2-3, com Moutinho e Ruben Neves no meio-campo atrás do trio Trincão, Jimenez e Podence. Já o United, com Ronaldo de início, atuou no 4-2-2-2 de Rangnick, com os extremos a jogarem muito por dentro atrás da dupla Cavani-Ronaldo.

Disposição tática das equipas

Logo de início se percebeu que existia, antes de qualquer estratégia, uma vantagem posicional do Wolves com bola que na teoria existiria sempre, mas que o United nem pareceu tentar contrariar até ao intervalo: como se pode ver em cima, caso os extremos do United não pressionassem alto os centrais do Wolves, os alas Marçal e Semedo teriam quase sempre espaço para receber já nas costas da linha de pressão adversária. Dito e feito, a falta de pressão dos 4 homens da frente do United deu muita liberdade aos centrais do Wolves para decidirem e executarem bem, complicando a missão para Matic e McTominay, os médios, e para Shaw e Wan Bissaka, os laterais do United, que estavam quase sempre em inferioridade numérica pela sintonia e interação do triângulo ala-extremo-médio do Wolves nos corredores. Na primeira parte, o Wolves terminou com 15 remates, um recorde para uma equipa visitante em Old Trafford desde 2003, e muito se deveu aos desequilíbrios que o Wolves criou em posse ao encontrar o homem livre nas costas da pressão do United, quase sempre Marçal e Semedo.

Com Moutinho e Ruben Neves muito competentes no meio-campo, inteligentes nos apoios e sempre a conseguir jogar sob pressão, a largura máxima de ambos os alas do Wolves criou sempre dificuldades aos extremos do United (Sancho e Greenwood), que ou tentavam pressionar os centrais e cortar a linha de passe interior para Trincao e Podence, ou tinham que recuar bastante para acompanhar os alas. Seja através de passes curtos no lado da bola ou através de diagonais longas, os centrais do Wolves conseguiram quase sempre encontrar uma linha de passe para os seus colegas mais adiantados, algo que Bruno Lage comprovou qual era o plano inicial: perceber onde posicionavam os laterais do United (arriscavar acompanhar o extremo ou juntar ao ala?) e a partir daí criar vantagem no 2v1 contra o lateral depois de perceber que os extremos do United estavam a tentar fechar as zonas interiores. A excelente explicação do treinador português, que encantou a imprensa inglesa:

Tal como explicou Bruno Lage, o Wolves entrou a saber o que queria fazer e a resposta do United só chegou ao intervalo, onde os Reds conseguiram equilibrar um pouco o jogo depois de uma primeira parte avassaladora do Wolverhampton. Bruno Lage também mexeu bem no jogo, as entradas de Traore e Fábio Silva trouxeram mais capacidade para o contra-ataque, e foi assim também que o Wolves acabou por chegar ao golo nos últimos minutos. O Wolves dominou o jogo coletivamente, utilizou as suas armas individuais no último terço e saiu de Old Trafford com uma vitória histórica e cheia de categoria. Com posses longas no meio-campo ofensivo, fazendo o United correr e desgastar-se sem bola, a equipa de Bruno Lage mostrou a personalidade e coragem para jogar à sua maneira num dos palcos mais históricos do futebol mundial. Trazemos então os detalhes com bola que Bruno Lage referiu e como a sua equipa ganhou vantagem perante o United na primeira parte:


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Sobre RobertPires 84 artigos
Rodrigo Carvalho. 26 anos, treinador adjunto-analista nos San Diego Loyal, EUA. @rodrigoccc97 no Twitter.

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