Diário do CAN 2021, Dia 15: Oitavos de Final

O primeiro jogo dos oitavos de final do CAN 2021, colocou frente a frente o Burquina Faso e o Gabão. Aqui discutia-se quem iria defrontar o vencedor do jogo da Nigéria e Tunísia nos quartos de final da competição.

A primeira grande oportunidade do encontro surgiu através de uma grande penalidade. Issa Kabore rasgou pelo corredor direito e quando fez o cruzamento, o defesa gabonês Sidney Obissa na tentativa de intercepção, acabou por pisar o jogador dos Garanhões. Grande penalidade assinalada, mas desperdiçada pelo capitão e estrela da equipa, Bertrand Traoré, ao enviar a bola à trave da baliza de Jean Noel Amonome. Apesar de um jogo mais assente na manutenção da posse de bola, apesar de a equipa das Panteras ao longo da primeira meia-hora passar mais tempo no meio-campo adversário, foi mesmo o conjunto do Burquina Faso a chegar primeiro à vantagem com Bertrand Traoré a fazer as pazes com os seus adeptos. Num belo passe em profundidade de trivela do Dango Ouattara, o avançado dos Garanhões, ganhou em velocidade e no frente a frente com o guarda-redes gabonês não facilitou e desta feita venceu o duelo, com um remate colocado e rasteiro que entrou junto ao poste da baliza. Ao minuto 34’, Johann Obiang quase empatou o jogo ao rematar à baliza, num lance caricato em que viu o guarda-redes Hervé Koffi adiantado, que com alguma dificuldade acabou por conseguir agarrar a bola. Ao minuto 41, Aaron Boupendza chegou ao golo do empate após um grande passe de Ecuele Manga a sobrevoar toda a defesa, descobrindo o avançado gabonês que driblou o defesa adversário e finalizou com sucesso. Golo esse que foi de imediato invalidado pelo árbitro e confirmado pelo VAR, por fora-de-jogo de Boupendza. Chegou o intervalo com o Burquina Faso na frente do marcador.

O Patrice Neveu queria uma equipa mais agressiva do ponto de vista ofensivo, porque apesar de ter sido dominadora face ao seu adversário ao longo da primeira parte, nunca causou dano à baliza nem criou grandes preocupações ao seu guarda-redes. Teve sempre muito perto da área, mas não chegavam à baliza. Portanto entrou para a segunda parte com uma alteração e ainda não tinham passado 5 minutos quando colocou mais dois jogadores em campo. Os Garanhões, uma equipa com muito à vontade para jogar com as linhas mais baixas e com velocidade na frente para o contra-ataque, deixou o Gabão ir-se aproximando da sua baliza sem grandes consequências. Em momentos de desequilíbrio, aproveitavam para sair muito rápido para o ataque, com passes verticais e com jogadores de grande qualidade para os fazerem, como é o caso do defesa-central, Edmond Tapsoba. O Gabão podia ter igualado o encontro numa saída curta do Burquina Faso, que após o passe curto de Hervé Koffi para Adama Guira, que recebeu de costas e com a pressão do Gabão perdeu a bola, mas Guélor Kanga sentiu a presença do defesa adversário e tentou conquistar a grande penalidade. Se já estava difícil para o Gabão encontrar o caminho certo para o golo, mais difícil ficou após a expulsão de um dos seus defesas, Sidney Obissa, que após perder a bola na tentativa e desespero de compensar o erro, acaba por agarrar o seu adversário e levar o segundo amarelo e consequente vermelho. A partir daqui, o Burquina Faso conseguiu chegar algumas vezes com perigo à baliza adversária. A grande oportunidade da segunda parte foi para a equipa que estava em vantagem. Ao minuto 75’, Bertrand Traoré explorou bem o espaço deixado pelo adversário, conduzindo a bola desde a linha divisória, foi para cima do defesa adversário, ultrapassou-o e no cara a cara com Jean Noel Amonome, o guarda-redes levou a melhor. Com o seu capitão como grande destaque, o Burquina voltou a chegar com perigo à baliza do Gabão, após uma grande arrancada fez o passe para Dango Ouattara que não conseguiu ângulo para rematar. Começou a haver muitas oportunidades desperdiçadas por parte do Burquina, desta vez por Ibrahim Toure. Ao minuto 84 foi a vez de Adama Guira proporcionar uma boa defesa a Jean Noel Amonome. O mais próximo do golo que o Gabão teve foi através de Aaron Boupendza, após um livre direto ao minuto 88, que seria um sinal para o que viria a acontecer. Aos 90’+1’ surgiu o canto de Denis Bouanga e Adama Guira cabeceia para a sua baliza e faz o auto-golo que leva o jogo para prolongamento. 

Aaron Boupendza entrou para o prolongamento determinado a ajudar a sua equipa a ficar com a vitória e dá o primeiro sinal de perigo com um remate forte e inesperado de fora da área que sai um pouco por cima da baliza. Mais um golo invalidado pelo árbitro assistente, desta vez a Abdoul Tapsoba depois de Zakaria Sanogo ser apanhado em fora-de-jogo antes de fazer a assistência.

Na segunda parte do prolongamento, surgiu Abdoul Tapsoba a rematar à baliza, com Jean Noel Amonome a fazer uma boa defesa e a manter o Gabão em jogo. Ismahila Ouédraogo, após entrar testou de imediato os reflexos do guarda-redes gabonês, que deu uma boa resposta ao seu remate. O Gabão, com 10 jogadores durante mais de 50 minutos dos 120 jogados, levou o jogo para a decisão de grandes penalidades.

O sorteio ditou que a primeira seleção a tentar colocar a bola na baliza seria o Gabão:

🇬🇦 Denis Bouanga ✅ 🇧🇫 Issa Kabore ✅

🇬🇦 Axel Méyé ✅ 🇧🇫 Soumaila Ouattara ✅

🇬🇦 Aaron Boupendza ✅ 🇧🇫 Edmond Tapsoba ✅

🇬🇦 Guélor Kanga ❌ 🇧🇫 Saidou Simporé ❌

🇬🇦 André Poko ✅ 🇧🇫 Steeve Yago ✅

🇬🇦 Ecuele Manga ✅ 🇧🇫 Adama Guira ✅

🇬🇦 Louis Ameka ✅ 🇧🇫 Mohamed Konaté ✅

🇬🇦 Yannis N´Gakoutou ❌ 🇧🇫 Abdoul Tapsoba ❌

🇬🇦 Lloyd Palun ❌ 🇧🇫 Ismahila Ouédraogo ✅

À 9ª grande penalidade, depois de Lloyd Palun enviar a bola à trave da baliza, Ismahila Ouédraogo que entrou para fazer os últimos 5 minutos do prolongamento, entrou bem a tempo de ajudar a sua equipa a fazer história.

Vídeo retirado do YouTube oficial da CAF

Entrava em campo a equipa que só tinha conseguido vitórias na fase de grupos, diante das Águias de Cartago. As duas equipas discutiram quem iria enfrentar o Burquina Faso nos quartos de final do CAN 2021.

Ndidi tentou fazer um golo que ficasse nos livros da história deste CAN, ao tentar um pontapé de bicicleta na zona limite da área, mas a bola saiu ao lado. Logo depois, Ndidi voltou a estar em grande destaque, mas desta vez na outra baliza, pois impediu aquele que parecia um golo certo de Montassar Talbi. À passagem do minuto 9, quando após um cruzamento vindo da direita, Talbi surgiu solto ao segundo poste e rematou à baliza. O guarda-redes nigeriano estava batido, mas surgiu Ndidi para evitar o pior para a sua equipa. Logo de seguida Joe Aribo tentou dar a vantagem para a Nigéria, mas o remate foi às malhas laterais da baliza de Bechir Ben Said depois deste a desviar. Foi uma primeira hora muito dividida, em momentos com o jogo partido, alguma emoção perto das balizas, mas sem grande ação para os guarda-redes. Bons pormenores de Moses Simon, que teve uma excelente prestação ao longo de todo o torneio, porque de jogo para jogo ele não me desiludiu. O colega de corredor de Zaidu é um caso sério de qualidade.

A Tunísia entrou melhor para a segunda parte, conseguido assim o primeiro golo do encontro. Youssef Msakni com a bola em seu poder, foi-se aproximando da zona central e rematou à baliza. Maduka Okoye não avaliou bem o lance e acabou por ter algumas culpas no lance do golo. Augustine Eguavoen, descontente com o rendimento da sua equipa, decidiu alterar a frente de ataque e retirar do campo os seus dois homens mais avançados. Logo de seguida, Wilfred Ndidi tentou o golo com um remate de fora da área, mas a bola saiu um pouco por cima da baliza tunisina. O cartão vermelho mostrado ao recém-entrado, Alex Iwobi por um pisão ao marcador do golo tunisino veio dificultar a vida os nigerianos. Alex Iwobi teve assim em campo, cerca de 5 minutos. A inferioridade numérica não retraiu a equipa nigeriana, pois podiam ter chegado ao empate logo a seguir por intermédio de Moses Simon, mas Bechir Ben Said foi exímio não mancha. Alguns momentos depois, foi a vez de Zaidu tentar alcançar a baliza com um remate com o seu pé direito de fora da área. Mondher Kebaier queria que os seus jogadores pressionassem o seu adversário e que explorassem a sua superioridade numérica, por isso decidiu refrescar um dos seus corredores laterais com a entrada do camisola 23, Naim Sliti. No minuto 72 foi a vez de Samuel Chukwueze rematar à meia-volta, mas a bola saiu ao lado. A Tunísia ainda não tinha feito valer a sua vantagem numérica, até que surgiu um remate de Naim Sliti para um belo voo de Maduka Okoye. Os tunisinos foram gerindo a posse de bola, pausando o jogo para desta forma evitar que ele ficasse partido, enquanto que as Super Águias iam vendo o cronómetro a chegar perto do minuto 90 e precisavam de maior pendor ofensivo para conseguirem, pelo menos, levar o jogo para prolongamento. Logo após ser levantada a placa com os 5 minutos adicionais, Umar Sadiq esteve muito perto de igualar o encontro, ao rematar a bola rasteira e com esta a passar ao lado da baliza do guarda-redes tunisino. As Super Águias não conseguiram superar os tunisinos e a sua inferioridade numérica foi determinante para este desfecho. 

Vídeo retirado do YouTube oficial da CAF

Sobre Zidane 33 artigos
André Azevedo. Treinador de Futebol (UEFA B). Licenciado em Educação Física. Mestre em Ciências do Desporto (Especialização em Alto Rendimento). Experiência como Treinador-Adjunto e Principal de escalões de Formação, assim como Analista, Preparador Físico e Treinador-Adjunto no Futebol Sénior em contextos como CD Tondela, FC Paços de Ferreira e Seleção Nacional de Moçambique, respectivamente.

1 Comentário

  1. Wonderful goods from you, man. I’ve bear in mind your stuff prior to and you’re just extremely magnificent. I really like what you’ve obtained right here, really like what you’re stating and the way wherein you assert it. You’re making it entertaining and you continue to take care of to keep it wise. I cant wait to learn much more from you. That is actually a wonderful site.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.


*