por vezes… gostava de ter mais paciência com a bola e esperar o momento certo, mas às vezes não consegues controlar, mesmo com a minha equipa! Como o Gundogan, Bernardo, Silva, De Bruyne… eles têm a capacidade para dar um jogo mais calmo, mas aqui… é sempre…. uhhhh… é energia para cima e para baixo
Pep Guardiola
Já por cá referimos por diversas vezes o quão a cultura própria da bancada influência o curso de um jogo e a tomada de decisão dos atletas. E tantas vezes aqueles que ousam diferente, se vêem com maiores dificuldades em ser aceites.
No caso da realidade britânica, todos apelam e pretendem um jogo sem controlo, de constantes correrias, e choques. Há, todavia, quem procure retirar ao máximo o caos e aleatoriedade do jogo, pela forma como preparam cada momento do jogo, e a ligação entre cada um destes, para que seja feita de forma mais harmoniosa e controlada possível. Guardiola referiu porque não pretende forma alguma um jogo mais directo. Embora possa ser bom para quem ganha a bola ficando com o jogo partido, quando não a vence, a equipa não subiu junta e não está preparada para a transição ofensiva.
Em Espanha o valor da bola é tão importante…
Pep Guardiola, sobre o que é mais valorizado no país que consecutivamente tem o clube vencedor da Liga dos Campeões
No Championship, aquela que é provavelmente a Liga mais competitiva do futebol mundial, e onde é possível encontrar vinte candidatos ao pódio final, há um outro treinador que procura ao máximo impor o seu jogo. Um jogo de inteligência e tentativa de controlo máximo sob o caos, numa realidade onde a cultura britânica se faz sentir ainda mais do que na Premier League.
Conseguir impor o seu jogo em tal contexto deverá ser o desafio maior que qualquer treinador tem pela frente ao longo de uma carreira. Daí o fascinante “apelo” que o contexto futebol inglês é para os melhores treinadores do futebol mundial.
E há um treinador de nacionalidade portuguesa que não só impõe as suas ideias, como soma boas prestações, garantiu o respeito de todo um país, e uma admiração muito especial dos seus. Os adeptos do Sheffield que com o português ao leme voltaram a sonhar com um regresso à divisão maior.
Uma coisa é preparar uma equipa na Turquia, onde todas as equipas jogam de forma similar. Não é fácil, mas a construção desta realidade é mais previsível. Em Portugal, Espanha, Itália ou Alemanha sabemos mais ou menos com o que contar. E montamos uma equipa para estas dificuldades. O Championship tem características distintas; temos de nos preparar para jogar sábado com o Newcastle, Norwich ou Derby, ou outras equipas que jogam apoiadas, a partir de trás; temos de ser mais organizados, com um padrão mais europeu, com capacidade para superar as dificuldades, mais competentes tacticamente. Na terça feira podemos defrontar uma equipa mais inglesa, com segundas bolas, jogadores altos, jogo muito parado, e todas as bolas paradas metidas na nossa área; um jogo diferente, com o desafio de dentro do nosso padrão, após vencer o Newcastle, como aconteceu, quando estava em primeiro, ter a capacidade de defrontar o Rotherham, último, e vencer aos 90’+4, num jogo dificílimo. Temos de nos preparar para uma prova heterogénea, jogando de três em três dias.
Carlos Carvalhal
A experiência e sucesso que Carlos Carvalhal vai somando num contexto que lhe proporciona uma variedade de situações inacreditável, a agradável ideia de jogo que preconiza, e a capacidade para entender o que o rodeia, tornam-o hoje um dos treinadores mais interessantes na Europa do futebol. E seguramente, dos mais preparados para qualquer contexto.
Este ano o “on our way back” está mais complicado, mas o jogo com o Leeds foi de facto muito bom.
Um dos treinadores que mais aprecio, e respeito, e um dos que mais gostei de ver no meu Sporting.
E tao mal tratado que la foi.
A organização e funcionamento da equipa frente ao Leeds foi incrível, tanto pormenor interessante que merece ser destacado. Tanta personalidade em campo numa altura em que vinha sendo bastante contestado e acusado de estar a perder a compostura. E o que está a tirar de Gary Hooper!