Anatomia do primeiro golo do Benfica na Madeira.
Artur defende um remate de Rondón, e a TV mostra-nos a repetição. Terminada a repetição do lance:
– Witsel baixa, recebe, é apertado, não consegue enquadrar, entrega em Jardel e sobe novamente;
– Aimar baixa, recebe. Pressionado não consegue enquadrar, devolve a Jardel e sobe;
– Jardel dá em Luisão;
– Luisao levanta a cabeça, procura opções mais ofensivas. Não há, devolve em Jardel;
– Jardel procura alguém que baixe. Ninguém o faz, devolve a Luisão;
– Witsel baixa, recebe de Luisão e enquadra, com espaço livre conduz a bola até próximo do defesa adversário fixando-o, e entrega em Gaitán que fica com espaço, muito pela acção de Witsel que atacou o defesa que teria de sair ao argentino, obrigando-o a sair a si;
– Cruzamento do argentino e golo de Cardozo.
Nem só a qualidade individual expressa nas competências técnicas determina o sucesso/insucesso das acções de uma equipa. Perceber a paciência que é preciso ter com a bola quando o adversário está organizado, e preparar movimentos de “abaixamento” dos centrocampistas para receberem a bola e darem continuidade à saída para o ataque é decisivo para quem pretende ter um jogar inteligente.
Saber esperar é uma virtude, dizem. E no futebol, claramente que compensa saber discernir os momentos em que se deve ou não investir de forma mais ou menos veemente ou veloz, nas acções que se tomam. Forçar sistematicamente o ataque, mesmo quando condenado ao insucesso só retirará qualidade e possibilidade de êxito ao jogo ofensivo da equipa. Tivesse Aimar, ou Witsel forçado o enquadramento quando pressionados e provavelmente teria havido uma perda de bola, que inviabilizaria tudo o que sucedeu após. E é também por isso, que a assistência de Gaitán, tem o valor que tem. Que ainda que seja muito, e mesmo que registado estatisticamente, não teve uma importância superior à participação de Aimar e, muito menos à de Witsel em toda a jogada.
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