
Há extremos com golo. Outros há, que mesmo tendo um potencial técnico mais elevado precisam de uma carreira inteira para somar o número de golos que os primeiros cumprem numa só época.
Há um imenso número de factores que o próprio jogador não controla que condicionam o número de golos, ou o número de oportunidades em que o extremo surge em situação de finalização.
Mais do que ter maior ou menor capacidade de finalização, é a movimentação que os aproxima mais ou menos do golo.
Temos os que procuram unicamente movimentos verticais, ao longo da linha lateral, que mesmo quando recebem a bola nas costas da defesa adversária estão sempre demasiado longe da meta. É o tipo de extremo que desequilibra individualmente, mas cujas acções são vezes demais inócuas. Procuram sempre alguém na área, esquecendo que chegar ao golo é tarefa que deve ser repartida por onze. E que eles próprios não podem abster-se de nenhuma das fases do jogo.
Outros, mais astutos, jogam com a oposição. Simulam movimento para dentro para receber com mais espaço e tempo fora. Ou desmarcam-se na horizontal, ao longo da linha defensiva, beneficiando do facto de já se moverem a velocidade considerável, para chegarem primeiro que os defesas (parados), a uma bola colocada nas costas do sector defensivo adversário. Procuram movimentos interiores que lhes possibilite receber a bola entre centrais e laterais oponentes. A variedade de movimentos com e sem bola conferem-lhes uma imprevisibilidade que acaba sempre por beneficiar o jogo da sua equipa.
O primeiro tipo de extremo é vulgarmente, e bem, apelidado de extremo à moda antiga. O segundo é um jogador moderno. Independentemente do talento ou qualidade técnica de um ou outro, é o lado cognitivo que faz a diferença.
Na Liga portuguesa, há dois extremos espanhois com um potencial técnico imenso. Aquele que até aparenta maior habilidade e velocidade, e com tudo o que de subjectivo há neste tipo de comparação, tem dezaseis golos em duzentos e vinte e quatro jogos enquanto sénior. O outro já somou cinquenta e dois golos em apenas cento e noventa e quatro jogos. A diferença de rendimento de um para o outro? A tomada de decisão. Com e sem bola.
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