Pegando ainda nas recentes proveitosas discussões das últimas caixas de comentários.
Mas afinal porque não treinar o passe / recepção dois a dois sem oposição?
Porque é uma situação que o “meu modelo de jogo” não contempla. A situação mais próxima será eventualmente a troca de bola entre centrais, ou no caso do Sporting de Sá Pinto ou da selecção sub20 de Ilídio Vale, entre centrais e laterais, que estão posicionalmente demasiado próximos dos colegas e longe dos adversários. E mesmo nessas situações, demasiadas vezes o central tem ou deve atrair a si o avançado para que quem vai receber, receba sem oposição.
De que forma treinar o passe, então?
Apenas um exemplo. Gr mais X contra Y mais Gr. X em organização ofensiva, Y em transição (para ter os grupos nos momentos que se pretende há que jogar com algumas variáveis, como o número de jogadores no processo defensivo, tempo de ataque, etc). Limitação para o grupo X, que joga em organização. Máximo de três toques na bola. Tal condicionante levará a que centenas de passes / recepções sejam realizados, e em condições reais. Com a tomada de decisão associada. Passe para o pé ou para o espaço? Para onde passar? Pode o meu passe ser interceptado? Não pode, mas ainda assim, quem recebe terá condições para ser bem sucedido, ou estarei a “queimar” o colega? Decisões todas dependendo do modelo de jogo.
Dois a dois, passe recepção, simplesmente não é futebol. É perder tempo com algo absolutamente inútil. Não é sequer o mesmo desporto com que serei confrontado ao fim de semana.
E isto, ao contrário do sugerido não tem nada a ver com periodização táctica, cujo conceito nem sequer dominamos. É simplesmente trabalhar com integração de factores.
E fora do treino, será errado alguém pegar na bola e chutá-la à parede, receber e continuar a fazê-lo? Ou juntar um colega e ficarem infinitamente a trocarem a bola entre si? Não. É óptimo! Com certeza que poderá promover ganhos na capacidade técnica. Errado é perder tempo de algo tão importante e tão curto como uma unidade de treino em situações estritamente técnicas que não envolvem a tomada de decisão. Porque isso não é futebol.
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