
O Porto cresce colectivamente. As mudanças de treinador trazem muitas coisas. O problema é que na maior parte das vezes, as mudanças que ocorrem são esporádicas. Sendo este o primeiro jogo que vejo de Luís Castro, devo dizer que as mudanças que ele está a operar parecem-me importantes para a evolução da sua equipa. Assim como também me parecem as mais duradouras. Isto é, uma simples alteração do posicionamento dos jogadores, em posse, confere de imediato maior controlo sobre o jogo.
Algumas das pequenas revoluções passam pelo melhor equilíbrio entre apoios interiores e exteriores; um maior número de jogadores próximos ao portador da bola; a saída de bola desde Hélton, assim como o retirar de pressão para o mesmo, com o objectivo de continuar a jogar com a bola controlada; o temporizar por parte do portador da bola, para com isso permitir a chegada de apoios; e o incutir nos jogadores de uma maior responsabilidade colectiva, quando a equipa se encontra em processo defensivo.
A inversão do triângulo do meio campo continua a não parecer-me fundamental, ainda que haja jogadores que demonstram claramente mais conforto com essa alteração (Fernando).
Poder-se-à pensar que é muito pouco, mas o Porto conseguiu recuperar mais bolas na zona onde a perdeu. E quando não o conseguiu, tentou sempre causar o máximo constrangimento possível à transição ofensiva adversária. Isso resultou em duas coisas: O porto teve menos situações para resolver no último terço. E por exemplo, na primeira parte, o Nápoles não teve uma situação criada, em organização ou transição ofensiva. Claro que ainda há muito que trabalhar, como por exemplo os comportamentos da linha defensiva, a organização dos momentos de pressão, a compactação do bloco, ou a dinâmica em posse. Mas Luís Castro vai na segunda semana, e é preciso dar-lhe tempo para termos ideia da evolução do processo.
Deve-se dizer, também, que o adversário ajudou a esse maior controlo do jogo, bem como a uma maior eficácia nas mudanças que Luís Castro opera. Percebe-se isso, sobretudo pela forma como o Nápoles defende. Joga em zona passiva. E o único momento em que mete agressividade é nas saídas rápidas para a transição. Assim, não dificulta ao máximo a tarefa ao portador da bola, tirando-lhe espaço de execução, mas dando todo o tempo do mundo para pensar e executar. O comportamento defensivo de eleição da equipa de Benitez é a contenção, no verdadeiro sentido da palavra. Aproxima do portador da bola, e espera o erro. O que permite, também, mais tempo para que a equipa se organize, do ponto de vista das linhas de passe. Se foi estratégico ou não veremos na segunda mão.
Individualmente, Defour, e principalmente Carlos Eduardo, denotam muitas dificuldades ao nível do posicionamento, em organização defensiva. O lance de Higuain aos 52′ é exemplo disso mesmo. Jackson é um dos rostos da mudança de comportamento, relativamente à responsabilidade defensiva. Em transição, veio parar uma saída do Nápoles no seu meio campo defensivo. Fernando fez um jogo enorme, com e sem bola. Parece ser intenção de Luís Castro adaptar Quintero como interior. Defensivamente será mais fácil. Com bola dependerá muito da vontade do jogador. Quintero precisa de começar a perceber, o mais depressa possível, que o mais importante é o colectivo. Se assim o fizer, terá todas as condições para se transformar num jogador de topo.
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