
Sobre a conferência de imprensa, uma discussão que tenho tido recentemente com outros treinadores mais próximos, onde defendo que o futebol caminha para a era da organização. Esta é a minha ideia, e pelos vistos, também a de Jesus. Ainda que algumas das pessoas com quem discuto (Ronaldinho, que é treinador comigo) não concordem com essa premissa. Digo-o, porque cada vez mais vejo as equipas abdicarem dos momentos de transição para decidir os lances, optando por uma abordagem de menos risco, com maior concentração de jogadores a atacar ou a defender. E isso permite, como Jesus explica bem, aquilo que acontece em modalidades como o Andebol ou o Basquetebol, organização ofensiva seguido de organização defensiva, seguido de organização ofensiva. Ou se quiserem, organização ofensiva – transição defensiva (para colocar o máximo de jogadores atrás da linha da bola e reduzir o espaço em que se defende) – organização defensiva – transição ofensiva (para equilibrar a equipa, abrir as linhas de passe, distribuir bem os jogadores no campo) – organização ofensiva. Nas equipas que observo isto não acontece sempre para quem recupera a bola, mas para quem a perde parece-me mais que evidente. Interessa defender com muitos atrás, o que vai fazer com que quem ataca o faça sempre em organização, construção, criação. O que vai exigir cada vez mais trabalho de qualidade, do ponto de vista ofensivo, aos treinadores do alto rendimento. Diga-se o trabalho mais difícil é esse – ter um jogo ofensivo de grande qualidade. Até aqui poucos se mostram verdadeiramente competentes nesse momento, talvez por não perceberem a evolução do jogo. Mas como Jesus diz há que evoluir, há que perceber a mudança no jogo, há que olhar para o que se anda a fazer noutros lados e reflectir sobre o que se passa.
Uma coisa é certa, os tempos de lançar onze jogadores para o campo de qualquer forma estão cada vez mais longe. E cada vez menos a incompetência técnica vai ser premiada. O futuro está aí, e quem o continuar a recusar vai continuar a cair.
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