Marco Silva como Leonardo Jardim. Ligação dos momentos de jogo – Ofensivo influencia o defensivo. Regressão.

O Sporting de Marco Silva parecia estar encaminhado para crescer de forma sustentada, naquilo que uma grande deve ser marcante – organização ofensiva. As ideias do jovem treinador, para o ataque, tinham mais qualidade que a do seu antecessor e iam mais de acordo ao jogo que um grande é obrigado a praticar, sendo que vai assumir em posse a esmagadora maioria dos jogos que vai disputar. Marco jogava por fora, e por dentro. Ia ao corredor para construir sem risco, e aí (normalmente em 3×2) procurava sair por fora em combinações ou vir dentro em passe para o médio mais ofensivo, ou avançado. Hoje, o Sporting já não o faz, não o quer fazer, optando invariavelmente pelo cruzamento a fazer lembrar Leonardo Jardim. Tal escolha, em termos ofensivos, parece-me ter pouco a ver com as ideias para o ataque e muito com as ideias para a defesa. As escolhas que se fazem para determinado momento do jogo influenciam os restantes, e organizar a equipa para atacar dessa forma influencia a forma como se vai defender em caso de perda. Então, Marco Silva optou por estancar a transição ofensiva do adversário, uma vez que no corredor lateral os contra-ataques são mais fáceis de controlar, e parar. E por isso, opta por atacar sem risco, fazendo o Sporting regredir no caminho que o voltaria a tornar num grande. O Sporting tem hoje melhores centrais que no início da época, e está um pouco mais organizado do que antes. Mas o verdadeiro motivo para que sofra menos golos assenta no facto de não consentir perdas no corredor central, por optar por não fazer a bola circular com objectividade por aí, por não sofrer contra-ataques vindos do corredor central. Como uma equipa pequena, que não sabe defender-se das perdas com uma reacção agressiva sobre o portador da bola, e uma rápida recuperação dos restantes para posições mais conservadoras, como um treinador de equipa pequena que não consegue – sabe – defender com poucos, o Sporting esconde a sua qualidade, e não tira o melhor proveito dos seus jogadores, voltando a jogar um futebol fácil, pouco elaborado, e sem risco. Numa fase da época em que Jesus e Lopetegui muito evoluíram a organização das suas equipas em todos os momentos do jogo, por não jogarem competições europeias, o Sporting de Marco Silva volta ao passado e regride.
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Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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