
Discussão sobre a saída de bola de dois jogadores que foram educados de forma completamente diferente. Duas formas diferentes de ver o jogo, que causa a diferença de opinião e a defesa de cada dos pontos de vista o melhor que se sabe. Henry a mostrar conhecimento, e sobretudo a percepção do efeito que pode ter um defesa central (em zonas recuadas) enfrentar um avançado e tentar sair com ela controlada, no lugar do tradicional bater sem critério na frente.
O que Carragher não percebe:
– Se bates a bola não é de ninguém. Obrigas o teu colega a lutar por uma bola que quando saiu dos teus pés era vossa.
– Se enfrentas o avançado com sucesso, ultrapassando aquela linha, terá de sair alguém da linha média, ganhando-se espaço e tempo para um dos médios da tua equipa.
– Por vezes nem precisas de o enfrentar. Atacas o espaço e o efeito é o mesmo. Ultrapassas a primeira linha de pressão e ganhas tempo e espaço para algum colega mais adiantado.
Carragher tem mais medo de perder a bola do que coragem para a manter.
O que Henry percebe:
– Se essa primeira linha for ultrapassada ficarão menos jogadores para quem receber a bola enfrentar.
– Sabe que, por ter jogado na frente, cada bola lançada sem critério é mais difícil de ganhar.
No fundo, Henry percebe que não só ele receberá a bola em melhores condições (sem que se exija um duelo, ou um gesto técnico complicado), como também terá mais espaço e tempo para executar. Henry percebe que as acções de jogo estão todas ligadas umas com as outras, e o que cada acção resulta numa situação mais ou menos favorável, de maior ou menor complexidade, para resolver. Henry, como inteligente que sempre foi, percebe que o primeiro passe é fundamental para criar as condições necessárias para que o último seja melhor executado. E por isso, Henry, encorajaria o seu central a sair com bola – a enfrentar o avançado, ou o espaço – caso estejam reunidas as condições para tal.
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