Multipla da Semana. Competições Europeias.

LEVERKUSEN – BARCELONA

Não está a ser uma época fácil para o Leverkusen. Muito permeável defensivamente, acaba por sair prejudicado em termos pontuais por tamanha ousadia. Schmidt lidera uma equipa apaixonante pela forma como se lança posicionalmente no ataque, mas descura o equilíbrio defensivo nas transições. Mesmo em organização o seu 442 permite espaço dentro do bloco. Individualmente uma qualidade tremenda. Bellarabi à direita, Hakan no corredor esquerdo, e Chicharito com Kissling ou o suíço Admir na frente, dão largura e profundidade com qualidade nos momentos ofensivos. Kramer e Kample são a habitual dupla do meio campo. Porque caem por vezes também no corredor lateral, deixam o central despovoado na transição expondo defensivamente a equipa.
Barcelona na Alemanha com o apuramento garantido mas percebendo que não pode desvirtuar a competição desvalorizando a partida.

Muita qualidade na construção, criação e finalização, os culés são das equipas mais letais da Europa. Pela qualidade individual, mas também por um modelo, que quer se goste ou não, está trabalhado e pensado para retirar rendimento das características dos seus jogadores. Da transição de Messi com os movimentos de Neymar e Suarez surgem sempre situações de potencial perigoso enorme. O pendor ofensivo do adversário na partida da Liga dos Campeões, aumentará o espaço para jogar. E isso beneficia o Barcelona.
FIORENTINA – BELENENSES
Uma equipa cheia de ideias e identidade a de Paulo Sousa. Desde a saída em construção com o abrir do lateral direito para receber de perfil com o central esquerdo, enquanto o central direito fica no corredor central, projectando o lateral esquerdo com profundidade, a uma constante procura de soluções dentro do bloco adversário, a Fiorentina do português prepara-se para todas as fases em todos os momentos do jogo. É hoje uma das maiores atracções europeias em termos tácticos pela identidade tão própria que assume.
Débil defensivamente a equipa de Sá Pinto. Desorganização nos momentos defensivos, pouca coordenação mesmo quando tenta defender com muitos. Distâncias demasiado grandes entre jogadores seja entre sectores ou dentro do mesmo sector. Tanto é o espaço que dá que os seus jogadores acabam sempre por ficar mais expostos.
Há muita qualidade indivIdUal para aquela que é a realidade portuguesa, mas numa prova europeia, contra melhores jogadores e um colectivo incrivelmente superior será difícil resistir em Florença.
SPORTING – BESIKTAS
As rotinas vão aumentando e torna-se cada vez mais difícil fazer golos ao Sporting. Conduzidos pelo melhor treinador do mundo na forma como defensivamente organiza as suas equipas, mesmo que individualmente haja lacunas, o Sporting começa a somar jogos consecutivos sem sofrer golos. E quando assim é, as vitórias surgem com naturalidade. Mesmo que apenas com um golo.
Vai partir do seu habitual 442 num jogo decisivo para o apuramento. Dois avançados que pressionam centrais, Adrien que pressiona o trinco adversário na 1ª fase defensiva do Sporting, enquanto que os extremos baixam e fecham quando Adrien pressiona. Ofensivamente muitas combinações ofensivas. Constantes trocas posicionais, com laterais ora dentro, com bola no corredor oposto ou quando extremo abre, ora fora na 1ª fase de construção. Tacticamente cada vez mais competência. Com Ruiz e João Mário fulcrais na criação, Slimani aparecerá nas zonas de finalização.
Senol Gunes lidera um Besiktas com Quaresma a procurar desequilibrar no corredor direito e com Mario Gomez na área, como grande referência para receber toda a criação da equipa.
Uma equipa com princípios tácticos completamente ultrapassados. Defensivamente sempre preso a marcações individuais a campo inteiro, faz com que os seus jogadores sejam arrastados do corredor central e desprotejam a baliza. Também na transição defensiva, não há conhecimento de como defender as diferentes situações de jogo. Ofensivamente um modelo que vive muito à base do corredor lateral e de um ponta de lança muito centrado na finalização. Terá dificuldades em Alvalade.
CHELSEA – FC PORTO
É no seu habitual 4231 que a equipa de Mourinho recebe o FC Porto no jogo mais importante da época. Porque tudo o que sobre é a Liga dos Campeões.
Um Chelsea débil nos momentos de organização ofensiva. Apesar da muita qualidade individual, não há um modelo que privilegie este momento específico do jogo. E logo aquele momento em que a equipa azul passa mais tempo no jogo. Faltam linhas de passe, faltam centrais que na construção provoquem e criem desde logo desequilíbrios. Muito forte na transição quando Hazard parte do corredor lateral para o central. Muito forte nas bolas paradas. William com uma percentagem de acerto anormal de tão concretizadora nos livres directos. Mesmo com um modelo incompleto, um dos menos aprazíveis de Mourinho, um momento de transição ou de bola parada poderá acabar por fazer a diferença pelos onze argumentos que o Chelsea faz subir ao relvado.
FC Porto em 433 em Londres, depois do jogo nacional onde provavelmente foi mais forte na criação nos tempos mais recentes.
Individualmente com Brahimi e Jesus Corona a criarem os desequilíbrios necessários, sempre orientados para o corredor central, o FC Porto torna-se mais imprevisível e com maiores soluções. Assim Lopetegui utilize em simultâneo os dois craques. Em Londres para um jogo previsivelmente de maior tempo em organização defensiva. Um possível pivot defensivo a meio constituído por Danilo e Herrera limitará a saída rápida na transição, onde os dois melhores jogadores azuis poderiam fazer a diferença. Dificuldades na abordagem aos lances defensivos por Maicon ou Layon, perante oposição tão forte trarão complicações num jogo em que o Chelsea está obrigado a vencer.
Finalmente uma oportunidade para se poder predizer o que vale o conjunto de Lopetegui em organização defensiva. Mérito para o FC Porto por se manter tão poucas vezes nessa situação. Contrastando com o demérito que por vezes demonstra em ser incapaz de criar com assertividade.

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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