
Em Portugal compete-se cada vez mais cedo. Hoje em Benjamins (nove e dez anos) e até sobre o escalão de Traquinas (sete e oito) há pressão para se competir.
Os pais querem tudo demasiado cedo. Querem predizer aos nove e aos dez anos que o seu menino vai jogar profissionalmente. Os treinadores querem mostrar competências colectivas. Organização em equipas de crianças. Futebol amarrado e cheio de combinações treinadas. No ano seguinte chegarão a escalões de outra faixa etária, pensam.
Aos cinco anos e após o primeiro treino os pais interrogam o treinador. “O que achou dele?”.
Hoje é muito fácil vender o futebol e o desenvolvimento da performance aos pais de miúdos bastante novos. Há uma ideia de que quanto mais cedo e mais futebol treinar de forma organizada, mais chances terá de lá chegar. Conheci quem pagasse para treinos individualizados de melhoria de aspectos físicos e coordenativos a uma criança. Mas que não a deixava jogar fora dos treinos, para não se cansar ou magoar.
Um estudo num país de referência revelou que a grande percentagem dos jogadores que chegavam a internacionais tinham uma bagagem motora bastante mais completa que o “apenas” treinar futebol de forma organizada.
Os miúdos precisam sobretudo de muita estimulação motora. Muito trepar, empurrar e puxar. Muita liberdade e muito contacto com a bola. Organização a chegar muito depois.
Aqui, o testemunho de um dos apaixonantes extremos portugueses.
“Nunca tive escola, como se diz. Comecei a jogar futebol apenas com 16 anos… Antes jogava na rua e jogava futebol salão. Era isso que me divertia e que gostava de fazer.
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