
Interessante o modelo apresentado na partida de ontem. Interessante a mobilidade da selecção, e sobretudo corajosa a integração do mais desequilibrador jogador português do momento. Corajosa a decisão porque jogando no Braga, Rafa será sempre encarado como peixe miúdo.
Frente à Bulgária, sempre que recebeu a bola, se não desequilibrava, mantinha posse. O melhor e mais rápido a receber e enquadrar em espaços curtos. O mais capaz de jogar dentro do bloco adversário mesmo com muitas pernas ao redor, pela superior qualidade técnica que apenas em Nani encontra rival em toda a selecção portuguesa. Move-se e decide rápido. Que Fernando Santos continue a apostar no miúdo e que os graúdos deixem os galões de fora e joguem mais com ele e para a equipa e não para si próprios.
Um jogo de decisões, onde Ronaldo precisa sempre de fazer golos para justificar a presença em campo pela falta de qualidade que apresenta na criação.
Não é um lance de excepção em Cristiano. Este é o seu perfil de decisão na criação ou na construção. Na finalização também decide demasiadas vezes mal, pela frequência com que procura remates de zonas praticamente impossíveis, mesmo para si, que é um fenómeno na finalização.
Não é preciso sequer invocar Messi. O próprio Rafa se recebesse a bola que Ronaldo recebeu, teria a um toque na recepção enquadrado com a linha defensiva adversária e depois daria seguimento com muito mais qualidade. Tal como o fez quando teve bola em semelhantes situações.
Em suma, Ronaldo na criação não é sempre isto. Mas, é-o demasiadas vezes para quem está no topo dos topos. Talvez o melhor finalizador do mundo, seguramente um dos melhores. Mas muito longe de contribuir para que as suas equipas sejam ganhadoras. Para que estejam sucessivamente perto do sucesso. Mesmo que o seu perfil de decisão lhe traga toda a notoriedade do mundo.
Rafa vai fazendo o seu caminho de peixe miúdo no grande tanque que é a selecção nacional. Um miúdo que não cresceu nos grandes, que não vive nos grandes, e que todos apontarão responsabilidades por fora da protecção dos media e do grande público. É todavia de Rafas que se fazem as equipas vencedoras. Qualidade em espaços curtos, decisão e capacidade de desequilibrio.
Venceu na estatística a selecção portuguesa. Como vencerá sempre a equipa que tiver Ronaldo em campo. Sózinho garante essa vitória no número de remates. Mesmo que tantas vezes menos remates se possam traduzir em melhores ocasiões…
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