
Há não muito numa espécie de tertúlia futebolistica explicava sucintamente e de forma pouco elaborada a minha opinião. Ir no 1×3 é errado porquê? Se a percentagem de sucesso é significativa nada mais desequilibra o jogo que de uma vez eliminar tanta oposição e desorganizar de forma tão evidente toda a estrutura adversária.
Recordei hoje a tertúlia após ler o excelente artigo do Expresso que cita o melhor de todos. Francisco Silveira Ramos.
“Se eu vejo o Renato Sanches a passar por todos, vou dizer-lhe para largar a bola? Claro que não! Se ele consegue, então vamos pô-lo a jogar em inferioridade numérica em vez de igualdade numérica, ou então pô-lo a jogar com os mais velhos, para ele continuar a desenvolver as suas capacidades com a bola.”
“O João Vieira Pinto, por exemplo, contou-me que, a determinada altura da carreira, perdeu à vontade perante os adversários, porque os treinadores tantas vezes o obrigavam a jogar a um e dois toques, a ter de largar a bola rápido, que ele acabou por perder a boa relação que tinha com a bola.”
“Hoje há muitos treinadores com conhecimento, que apresentam demasiados constrangimentos aos miúdos. Costumo dar este exemplo: se há um cirurgião que sabe todas as técnicas médicas, mas só lhe aparecem pacientes saudáveis, ele vai aplicá-las na mesma?”
“Isto acontece nos treinadores, que sabem muito sobre modelos de jogo e organização coletiva, e quando começam a carreira, normalmente na formação, vão aplicar isso nos miúdos, mas não deviam”
“No outro dia vi o professor Sidónio Serpa escrever, com razão, que ficava muito preocupado quando ouvia um treinador referir-se a crianças de 10 anos como ‘os meus atletas’. Nas idades mais jovens, temos de preservar a origem lúdica do jogo, porque é aí que se desenvolve a criatividade. Há que separar no percurso de formação o jogar à bola do jogar futebol. Deixem os meninos jogar à bola”
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