Lições de estratégia para chegar ao topo.

[multilanguage_switcher]Há menos de um mês, com “dados” na mão, abordei o projecto United na vida de Mourinho, num texto intitulado “As notícias sobre a morte de Mourinho são manifestamente exageradas”.

Numa entrevista apaixonante do português ao “The Times” aqui  (disponível para patronos, na drive e na plataforma do “Patreon“), o treinador português a confirmar muito do que se avançou por aqui, então.

“Há dois factores para se conduzir o clube até ao sucesso. O planeamento a médio prazo, e um maior entendimento do que há ao dispor, para que se possa ir modelando e fazendo crescer não só uma ideia, como a individualidade, em função dos recursos ao dispor.”

Sobre o entendimento do que há ao dispor:

To play very well and win, that is perfection. But, if you cannot have that perfection, you cannot hide [behind] ‘my game is beautiful’ and win nothing. You have to go to win — and to win with the qualities that you have. That is what I meant by that.

“If you compare Manchester United last season and this season, in terms of the quality of our play, you can see immediately that this is what we want. But last season we couldn’t. And when you can’t, you have to play with the qualities of your team, the qualities of your players, and try to beat your opponents.

Talvez por não haver experiências de campo que permitam entender que mesmo no colectivo tudo é individual, e no individual há um sem número de variáveis que condicionam a sua integração no colectivo, há muita dificuldade em perceber o que é individual e o que é colectivo, e o quanto são os jogadores que afectam a performance de uma equipa mesmo na sua organização. E afectam-a muito mais que um treinador. Porque se pode e consegue treinar organização, mas nunca o talento, como recentemente tão bem afirmou Leonardo Jardim. Mourinho a explicar a transformação do United de uma para outra temporada. Qualidades dos jogadores!

In that final we were playing an Ajax team that couldn’t cope with some of our qualities, so let’s go with these qualities. That is the pragmatism of football. If a manager defends a doctrine of ‘I win and I play amazingly well’, I applaud. But the ones who don’t win, who defend something that I don’t understand? I don’t get it

As propostas de jogo que têm de ir ao encontro das qualidades e disponibilidade de quem mais importa. Os jogadores. Algo que no primeiro congresso da periodização táctica, Vitor Pereira acabou por revelar ter sido uma das suas aprendizagens na passagem pela Alemanha, enquanto revelava que os jogadores se escondiam, e fechavam o campo quando o deviam abrir, por receio de ter a bola. A propósito, tais comportamentos a fazerem lembrar quem na nossa realidade? E porque é posicionamento de que se trata, é comportamento colectivo? Claro que não! Porque não era aquele o treinado no modelo… mas sim, resultante de um comportamento individual, que surge fruto de experiências anteriores, e pouca vontade de ficar exposto ao erro.

“Sobre o planeamento, quando em privado questionado sobre a soma astronómica paga por Pogba, quando havia ainda tantas carências que poderiam ser suprimidas com tal valor, Mourinho fez perceber que o projecto era fazer voltar o United a tempos de outrora no médio prazo, e não no imediato. Mais do que construir uma equipa para 2016 2017, estaria a construir paulatinamente um grupo que anos depois possa ser dominante. Em suma, perceber-se-ia o porquê de Pogba, tempos mais tarde, quando ao médio francês se juntassem outros, e quando o potencial que havia dentro de casa se começasse a expressar.”

I have said three [summer] transfer windows is what I need to have the team I want to have, the team I think can bring Manchester United to the top of English football and to close the gap to the top of European football again, and I still think we need that third transfer window, but I’m not going to wait for the third transfer window to try to reach it

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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