Referiu-se a Herrera como o homem do jogo, o treinador leonino.
Não foi. Não foi porque na definição faltou-lhe amiúde mais qualidade, que terá sido o muito pouco que faltou ao FC Porto para traduzir no resultado a superioridade evidenciada ao longo de toda a primeira parte em Alvalade.
Mas o destino do jogo passou muito pelo mexicano e pela forma como Conceição teve o jogo que idealizou. A ausência de Coentrão facilitou a que o plano saísse na perfeição.
Com controlo do espaço entre linhas por Danilo, que pela forma como venceu todos os duelos não permitiu a Bruno criar nas poucas vezes em que teve posse de frente para a última linha, com Bas Dost, sem mover-se na ruptura, dando conforto à última linha dos azuis, e como previsto sem tocar mais de duas, três vezes na bola ao longo de toda a primeira parte, também pela forma como o FC Porto moldou o jogo, havia que anular a maior ameaça na criação leonina – Gelson Martins. Parando Gelson, pelo retirar-lhe da posse não haveria bolas para Dost entrar no jogo onde faz a diferença. Na grande área a finalizar.
E foi ai que entrou Herrera no jogo, pela forma como o FC Porto condicionou a construção leonina. Quando Sporting saía pela direita, Herrera baixava, fechava espaço à frente da linha média, Aboubakar fechava espaço à frente do central leonino, a equipa azul e branca encurtava o campo e obrigava o Sporting a sair pelo lado oposto. Ai, o comportamento da pressão da equipa de Sérgio Conceição era diferente. Não tapava o espaço à frente de Mathieu, mas antes convidava o Sporting a sair pelo seu corredor esquerdo, pela forma como Herrera saía na pressão, sempre com movimento em L, tapando primeiro ligação de Mathieu com corredor central, e saíndo depois na bola.
Foram quarenta e cinco minutos de Sporting a tentar sair sempre pelo corredor esquerdo, com a sensação de espaço que Sérgio Conceição oferecia, para recuperar mais à frente, beneficiando da menor qualidade de Jonathan, e de Acuña quando comparado com Gelson, mas também da presença de Danilo sobre a metade esquerda do campo leonino, para se impor nos duelos, sempre que o Sporting conseguisse ligação.
FC Porto a levar o Sporting para o seu lado menos capaz, e equipa leonina sem nunca conseguir assumir o jogo. As perdas sucediam-se, e ou os azuis saíam em transição ofensiva, com ataques rápidos de maior potencial, ou as bolas perdiam-se pela linha lateral e a posse voltava ao FC Porto.
Herrera tem o perfil físico e mental idealizado por Sérgio Conceição, que lhe permite cobrir mais metros de forma mais rápida, e vai surgindo quer a sair á construção adversária, quer como ligação defensiva com a linha média, e ainda tem disponibilidade para nas transições ofensivas assegurar os movimentos de dentro para fora, para explorar costas dos laterais adversários, que o modelo do FC Porto contempla.
Foi reconhecendo a influência táctica do mexicano que Jorge Jesus o trouxe para a conferência de imprensa. Faltou a Herrera, todavia, capacidade para nas suas decisões com bola aproximar mais o Porto de vencer em Lisboa.
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