Quarta deslocação de Abel a Lisboa para defrontar os grandes, onde por apenas uma vez perdeu, e mais um jogo em que para além de não sair derrotado, estrategicamente sai por cima.
Falou em “novas nuances que o adversário não conseguiu parar”. Mas, afinal, o que trouxe de diferente a Alvalade?
Um pouco à semelhança de Sérgio Conceição, trouxe para a posição de segundo avançado um jogador com perfil de médio centro, capaz de se manter concentrado e pensar o jogo mais vezes, do ponto de vista da ocupação do espaço. Fransérgio como Herrera no jogo que o Porto realizou em Alvalade, ocupou em situações de pressing uma posição mais adiantada, saindo para roubar ao central adversário, mas demonstrando capacidade para voltar e fechar o corredor central com mais um elemento, articulando o baixar para a linha média, sempre que Vukcevik ou Danilo saíam na bola.
Foi sobretudo defensivamente que o Braga esteve a um grande nível em Alvalade. Campo muito curto, que lhe garantia vantagem espacial e numérica no centro do jogo, ao que se seguiam inúmeras recuperações e saídas em transição bem definidas até ao momento da finalização. Pareceu sempre mais próximo do golo a cada transição ofensiva porque ao contrário do Sporting que atacava contra onze, as suas recuperações permitiam-lhe atacar contra menos opositores.
O Sporting novamente sem Fábio Coentrão e sem Mathieu, o que acabou também por ser importante porque quem os substituiu tem mais erro técnico, e menos capacidade para perturbar a boa estrutura que montou Abel.
No fundo, mais do que ter havido um Sporting incapaz de parar o Braga, verificou-se muito mais um Braga capaz de parar a equipa leonina, reduzindo-lhe bastante o número de entradas em zonas de criação e consequentemente o de oportunidades.
Muito interessante esta análise. Era porreiro também terem abordado a alteração tática do Braga após o golo do Sporting, que permitiu a reviravolta. A colocação de Esgaio a lateral esquerdo e Horta a lateral direito, ambos como falsos laterais e claramente de propensao ofensiva, permitiu ganhar numero no meio campo ofensivo e na pressao ao adversário, sendo que Vukcevic recuava na fase de construçao para o meio dos centrais e permitia algo muito parecido com um 3-4-3.
O desenho que Abel fez no seu caderno no banco acabou por dar frutos, e após a alteraçao, começaram a surgir os lances de perigo, sendo o primeiro protagonizado precisamente por Esgaio numa diagonal a aparecer na entrada da area, e no seguimento, Horta, tambem à entrada da área, a atirar para fora.
Tal como diz o Rui Alves, esta análise, sendo interssante, aplica-se “apenas” até às alterações táticas produzidas por Abel – particularmente com a saída de Goiano e a entrada de Fábio Martins. Daí em diante, foi um Braga com linhas mais adiantadas, pressionando mais à frente (e conquistando a bola em zonas mais avançadas), com domínio claro do jogo e com criação de vários lances de finalização. E o Sporting, nessa altura, não teve capacidade de resposta.
Posso estar totalmente enganado mas esta nuance tem direitos de autor, foi exatamente o mesmo que o Sérgio Conceição fez, quando o fc porto veio jogar a alvalade, ao colocar o Herrera na posição em que o Fransérgio jogou.
Lá está! Afinal sempre é bem possível e até aclamável a conceção e treino de sistemas adaptativos.
Caro, Pedro.
Também me parece que a afirmação de Abel dizia respeito à fase em que alterou o desenho táctico com a entrada do Fábio Martins e passou a jogar com 3 centrais e Esgaio e Horta nas faixas com Fábio Martins e Teixeira no apoio central a Dyego Sousa, ficando Danilo e Fransérgio no meio.
Antes disso, e ao contrário da análise, a sensação que tive no estádio foi que o jogo estava relativamente fácil para o Sporting porque cada vez que acelerava com movimento interior de um extremo e aproximação de Bruno Fernandes, as linhas do Braga eram facilmente ultrapassadas.
Acho que seria também relevante analisar a alteração que Jesus efectuou no momento imediatamente após o 1-0. Entrou para a 2a parte com B. César na esquerda, Gelson na direita e Podence perto de Bas Dost, mas logo após o golo, e sem que o Braga tivesse ainda alterado alguma coisa, passou Gelson para a esquerda, Podence para a direita e Bruno César para o meio aproximando-o de Bruno Fernandes e perdendo a referência de Podence para ligar o jogo. O que, honestamente, apenas resultou num assumido recuo da equipa.
Com a variação táctica de Abel, Jesus nada alterou e ficou à mercê de um meio campo fisicamente esgotado com Battaglia, Fernandes e César. E foi esse esgotamento físico e a falta de frescura mental que fez com que Battaglia saísse ao Teixeira, quando já estavam 2 jogadores do Sporting por perto, abrindo o espaço para Danilo entrar na área e ganhar o penalty.
Fica a ideia de que o plantel ainda é curto e que Jesus não confia nas 3as linhas (Palhinha, Petrovic).
Um abraço e continuação de bom trabalho.
Não deixa de ser curioso ver que no Braga o Danilo volta a dar cartas, não digo isto pelo golo, mas sim pelas suas ações a rapidez com que queima linhas em progressão e a sua capacidade penso que era este Danilo que o Vitória ansiava o ano passado … o que se passou para não se ver durante meia época no benfica e mais um mistério por esclarecer …
Muito interessante o jogo do esgaio… tacticamente irrepreensível e ao nível do cruzamento arrisco me a dizer que só perde para o Nelson Semedo, muito superior ao cancelo ao cedric ou ao Ricardo Pereira…
O que me leva também a colocar a seguinte pergunta em cima da mesa, num cenário em que no final da época não estando Coentrão ao seu melhor, contando com o raphael guerreiro recuperado o esgaio ou Ricardo Pereira não poderiam até acrescentar mais que Eliseu ou Antunes, são jogadores que até tem rotinas a jogar na esquerda o Ricardo Pereira deu nas vistas em franca nessa posição …
“o que se passou para não se ver durante meia época no benfica e mais um mistério por esclarecer …”
Estimulos do treinador….sobretudo tácticos