
O Treinador Específico dos Guarda-Redes, como o nome indica à partida, é aquele elemento de uma equipa técnica a quem está predestinada a organização, planeamento e execução da tarefa específica de trabalhar com os Guarda-Redes de um plantel. Esta tarefa, em muitos casos e nunca generalizando, acaba por se cingir a isso mesmo: potencializar quem está na baliza para estar no “summit” das suas capacidades, assim como gerir a equipa de Guarda-Redes à sua disposição. Com a entrada do Futebol na já apelidada “Era da Estratégia”, torna-se urgente uma mudança, leia-se adaptação, àquilo que acabam por ser as funções de quem prepara quem acaba por ser visto como o último reduto para quem assiste a um jogo de Futebol.

Mantendo a tradicional e essencial potenciação do atleta em termos físicos, técnico-tácticos e psicológicos, surge um ênfase maior na parte da táctica e da interpretação do Jogo, das suas formas mais simples ás mais complexas. Quem trabalha os Guarda-Redes deve, de uma forma constante e construtiva, observar e saber interpretar as formas de jogar daqueles que são os nossos adversários, identificando as diferentes abordagens ao Jogo, lacunas ofensivas que possamos explorar para evitar inferioridades numéricas e desequilíbrios posicionais da nossa parte, quando a bola estiver perto de chegar ao nosso último terço, assim como saber conjugar as características dos Guarda-Redes ao nosso dispor com o que irão enfrentar, enriquecendo-os. Isto é um trabalho que exige um conhecimento profundo, passando para lá daquilo que se deve esperar contra adversário A, B ou C e indo ao encontro de uma hierarquização concreta daquilo que se deve procurar de forma a identificar os pontos mais fortes e mais fracos da equipa com quem jogaremos no futuro. A existência ou não de intencionalidade em determinados momentos e fases do jogo, saber partir e descodificar os princípios, sub-princípios e sub-sub-princípios de forma a recuperar a posse da bola e facilitar o trabalho dos restantes elementos da equipa, ao mesmo tempo que aperfeiçoamos os aspectos técnicos inerentes ás acções a ser executadas.

Muitos de vós pensarão: “então mas isso não é o trabalho do analista e/ou do observador de adversários?!”…é, mas não somente dele. A valorização dos activos que trabalham directamente connosco – os Guarda-Redes – é nossa responsabilidade mas também acaba por ser (até de uma forma mais ampla e de acordo com o tipo de treinador principal com quem se trabalha) a preparação e a adaptação a todas as situações ofensivas, por parte de todos os envolvidos no processo defensivo. Em suma, a busca pela constante valorização, não só dos Guarda-Redes mas também nossa – de quem trabalha com eles – enquanto agentes do Jogo, com responsabilidades na sua evolução.
É a nossa magna responsabilidade como Treinadores de Guarda-Redes (e sobretudo como Catalisadores de Vivências) a constante procura da melhor forma de negar ao adversário a possibilidade de marcar um golo, ao mesmo tempo que dotamos os nossos jogadores de ferramentas e conceitos essenciais para conseguirmos a recuperação mais eficaz possível da posse da bola e facilitar o aparecimento de oportunidades colectivas para chegar com sucesso à baliza contrária ao mesmo tempo que nos preparamos para a eventualidade de perder a bola novamente. Sem um conhecimento prévio, profundo e pratico daquilo que se pode esperar dos nossos adversários, das suas dinâmicas colectivas e das suas formas e métodos de execução, nada feito. Não podemos esquecer que na nomenclatura da nossa tarefa, está lá também Treinador.
E eu que começava achar que só os tipos bonitos e a cheirar bem é que podiam ser treinadores de guarda redes já estou mais tranquilo.
O que na minha opinião às vezes acontece, não são valorizados,mas se calhar um treinador de guarda redes treina uma equipa,e se calhar ao contrário não acontece