Chuva de golos ‘in loko’

Porto's Brazilian midfielder Otavio (L) celebrates with teammates after scoring a goal during the UEFA Champions League group D football match between FC Porto and Lokomotiv Moscow at the Dragao stadium in Porto on November 6, 2018. (Photo by MIGUEL RIOPA / AFP) (Photo credit should read MIGUEL RIOPA/AFP/Getty Images)

O (novo) triunfo do FC Porto frente ao Lokomotiv, desta feita no Dragão, deixa os portistas a um ponto dois ‘oitavos’. Desta feita, o resultado ainda mais esclarecedor (4-1) do que o de há 15 dias em solo russo (1-3) pode, à primeira-vista dissipar todas as dúvidas sobre qualquer dificuldade dos campeões nacionais em baterem, novamente, os russos. Contudo, ainda que com grande justiça como esta, nenhuma vitória poderá ser considerada como perfeita. Isto porque o FC Porto tem nível para ganhar este Grupo (que já o dissemos: tem ares de Europa League) mas está ainda longe de poder conseguir mostrar os níveis que os oitavos-de-final, certamente, exigirão.

A conversa sobre ‘desígnios europeus’ tem sido tema, aqui, pelo Lateral Esquerdo. E o nível do FC Porto, algures entre equipas como o Galatasaray e o Lokomotiv e a nata do futebol europeu, tem mostrado uma grande diferença entre esse tipo de jogos e os outros: aqueles que fazem sonhar as equipas, os treinadores e os adeptos (talvez também os dirigentes, ainda que fique na dúvida se esses terão outros sonhos que não aqueles que envolvem o seu bem-estar material e o dos seus). Assim, dizíamos, o 4-1 trouxe ao de cima a maior qualidade portista mas, também, algo pouco conotado com a Mãe Rússia. Um Lokomotiv que ‘aproveitando’ as desvantagens no marcador pôde/teve de/foi obrigado a crescer para o meio-campo defensivo azul-e-branco, conseguindo, não tanto em organização ofensiva mas em transições, fazer várias chegadas à área de Iker Casillas. E fosse o nível de frieza dos russos aquele de há uns anos/décadas atrás e o cenário não se pintaria totalmente azul. Isto porque o FC Porto, quer queiramos quer não, continua a conceder mais oportunidades de golo do que aqueles que Sérgio Conceição certamente gostaria.

Um FC Porto ao qual Sérgio vai tentando dar nuances diferentes a cada jogo – confirmando que é um dos técnicos mais avançados da Liga – e que apareceu no papel com um competente Óliver, à frente de Danilo e atrás de Herrera, mas que no relvado a simbiose entre os três fez com que o FC Porto tivesse uma solução competente a pressionar alto a saída-de-bola russa (Herrera), outra solução competente nas chegadas a zonas de finalização (o mesmo Herrera confirmando-o com o golo aos 2′ e aquele cabeceamento deslumbrante já na 2.ª metade) e também uma solução mais recuada para circular e, neste jogo em especial, encontrar falhas na subida, mas dura de rins, defensiva do Lokomotiv (Óliver). Um trio que, junto a espaços, e com menos ajuda de Brahimi do que o costume (recebeu quase sempre muito aberto na faixa), foi criando a superioridade necessária para um controle do jogo com base numa organização ofensiva de olhos postos nas diagonais e chegadas de Marega e Corona. Carecerá de confirmação se a maior envolvência de Danilo na organização ofensiva terá alguma coisa a ver com o desposicionamento portista em transições defensivas. Pois, como já referido, não foram assim tão poucas as vezes em que a equipa de Yuri Semin pôde fazer mais do que a sua falta de frieza permitiu.

Algo que o FC Porto geriu (dada a diferença entre as equipas, sobretudo nos planos emocional e técnico) da melhor maneira num jogo de futebol. Não falamos do ‘Paradigma 74‘ ou do Catenaccio, mas sim de… golos. O FC Porto precisou de muito poucas chances claras para Herrera, Marega, Corona e Otávio fazerem bater a bola no cordame e com isso aquela que seria a tentativa de reacção dos russos (batendo a defensiva de Sérgio num pontapé-de-canto que originou o 2-1) não saiu da mente de Semin para um relvado encharcado do maior talento portista, em detrimento de um conjunto com algumas boas ideias mas com muitas dúvidas sobre si próprio para augurar meter-se entre o caminho dos dragões e os ‘oitavos’ da UEFA Champions League.

FC Porto-Lokomotiv, 4-1 (Herrera 2′, Marega 42′, Corona 67′ e Otávio 90’+3; Farfán 59′)

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