Cada vez mais se desenvolvem os jogadores do ponto de vista físico. Moda tão enraizada nos tempos mais recentes, que os próprios jogadores sentem não bastar o trabalho nos clubes, e por eles próprios procuram quem ajude ainda mais a desenvolver-lhes as capacidades condicionais.
Na base, continua-se demasiadas vezes a escolher os mais velhos e não os mais aptos. De Janeiro a Dezembro vão doze longos meses, e nas idades mais precoces nem sequer é preciso tamanha distância para que as diferenças físicas e maturacionais se façam sentir no rendimento.
Traz-se para o sistema os mais velhos e não os melhores. Porque os mais velhos são na realidade, no imediato melhores. Não há seguramente um gene que determine que os miúdos nascidos no primeiro trimestre do mês são mais talentosos. Mas são estes que acabam invariavelmente por ser escolhidos. E depois de escolhidos – trabalhados, cavando assim um fosso para outros que antes de tais escolhas até apresentavam potencial para poder chegar mais longe.
Tudo isto enquanto no topo da cadeia, no alto rendimento, não é a maturação ou o vigor físico que determina competências. Os senhores do tempo são os verdadeiros talentos. Aqueles que dominam e enquadram as suas acções no tempo e para o espaço oportuno. Que pausam e aceleram consoante o que pede o contexto, e sempre mas sempre, com um gesto técnico que tantas vezes não se desenvolve em quem coloca “pressa” em tudo o que faz.
Nas palestras que tenho dado no curso de treinadores de futebol nos diferentes níveis na Associação de Futebol de Lisboa, tenho procurado passar a importância de ignorar o resultado nas etapas mais jovens, se tal significar coarctar possibilidades de desenvolvimento aos de maior potencial.
Embora, seja importante perceber que a revolução terá sempre de começar ainda mais acima. Nenhum treinador (erradamente) pressionado por quem dirige abdicará de ter o menos importante em troca do mais importante, quando na cabeça do líder as prioridades estão trocadas.
Eis James Rodriguez, um dos senhores do tempo na sua mais recente aparição na Copa América:
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