
O primeiro período do Benfica ante a Fiorentina foi verdadeiramente impressionante no que concerne ao tomar as rédeas da partida, através do instalar no meio campo adversário.
Para tal muito contribuiu a forma como o modelo encarnado prepara a reacção à perda, mas tão importante quanto isso, as características de Gabriel Pires e Florentino Luís.
Autênticos “monstros” de passada larga e extremamente veloz, juntos taparam saídas, e encostaram a Fiorentina atrás. E das poucas vezes em que foram batidos, a grande velocidade voltavam para trás da linha da bola, entrando no lance do ponto de vista defensivo, ajudando a equipa.
Na pressão no meio campo ofensivo, na reacção à perda ou até no timing para sair para desarmar em organização, não está fácil enfrentar a dupla de médios encarnados.
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é um comentário periférico, mas… Filipovic chegou ao futebol português há quase 40 anos e continua-se a não se saber pronunciar correctamente os nomes eslavos.
há dus regras que valem para todos os nomes: acentua-se a segunda sílaba e termina-se em Itch.
assim: seFÉrovitch; FiLÍpovitch; Módritch; ZaHÓvitch; ManDZÚkitch, etc. cumprimentos e obrigado pelos ensinamentos sobre tática.
Efectivamente foi estonteante a disposição dos médios do Benfica na primeira parte do jogo com a Fiorentina. Mas, questiono, não será uma atitude para ganhar um jogo, recuperar um resultado desfavorável?
Será que se ganha um campeonato a pressionar daquela forma? Os dois jogadores não aguentam os jogos todos e os outros jogadores tem características diferentes.
Aliás eu diria que é um modelo quando joga o Florentino.
Não ficará a equipa demasiado cansada e quando recupera a bola a qualidade ofensiva ressente-se?
Houve momentos em que a equipa ficou partida.
Mas de qualquer forma foi uma lição.
No último campeonato, viu-se muitas vezes a equipa a ficar partida exactamente por isso. Quando o adversário passa a primeira linha de pressão tem muitos metros livres pela frente sem qualquer oposição. O Benfica sofreu uns quantos golos assim e só não sofreu mais porque a qualidade dos adversários internos não é a melhor.
Talvez por causa do cansaço acumulado este fenómeno foi bem visível nas ultimas jornadas do campeonato.
Na minha opinião tens de distinguir claramente os 2 momentos.
Se na transição defensiva é isso tudo que dizes, é MUITO BOM, na organização defensiva é quanto a mim o momento mais fraco do Benfica de Lage.
E não, não é porque os adversários têm qualidade acima da média, é porque o Benfica de Lage ainda não percebe correctamente os momentos de pressão…
Os erros que identifiqueEi, e o mais grave, vêm da época passada:
1 – Tentam pressionar a tempo inteiro
2 – Não há sinais claros de pressão onde toda a equipa perceba que é o momento certo
3 – Jogador que vai pressionar, sai na pressão sem ter a preocupação se os colegas estão bem posiconados
A quantidade de vezes que os adversários do Benfica chegam só com a linha de 4 defesas é surreal.
Contra a Académica, uma equipa de 2a Liga, os médios do Benfica eram atraidos e o médio esquerdo da Académica vinha por dentro nas costas dos 2 Médios Centro e recebia enquadrado.
Contra o Anderlecht, igual.
E se quisermos recuar à época passada, jogo com o Santa Clara em casa, 1a parte em Braga e 2a parte em Vila do Conde, demonstra claramente que a Organização Defensiva é o calcanhar de aquiles do Benfica de Lage
Ia comentar mas o Ricardo já o fez por mim – acho que ele esqueceu-se também do horrível jogo contra o Portimonense, em que todas estas questões foram muito evidentes.
Sinceramente não entendo os adjectivos. São um exagero. As ideias que o Lage apresenta são engraçadas e revelam sobretudo muita coragem mas aquela correria toda sem nexo (para mim, o posicionamento em organização ofensivo deveria ser outro para provocar nos adversários mais dúvidas no corredor central e jogar mais vezes entrelinhas), os charutos também sem grande lógica e as dificuldades em organização defensiva parecem mostrar a necessidade de muitíssimo trabalho de casa.
E não, não vale a pena vir apontar o dedo para dizer que “ah mas tu adoras o Klopp” porque são equipas com um modelo mais completo e mais bem trabalhado no pormenor (e com outra valia individual, claro).
Basta ver que o Lage prefere o Caio Lucas ao Kroninovic – isto até pode ter diferentes justificações mas é para mim um cenário preocupante.
O Florentino fez um jogo espectacular já o Gabriel… Meh.
“acho que ele esqueceu-se também do horrível jogo contra o Portimonense, em que todas estas questões foram muito evidentes.”
Certissimo!!!
Por acaso, não tenho nada a impressão do Ricardo. Acho que a equipa identifica bem os momentos de pressão e é muito comum ver 4/5 jogadores decidirem pressionar em simultâneo.
O que me parece é que pressionar alto acarreta riscos e, quando o adversário consegue sair da pressão (seja por mérito próprio, seja por demérito do Benfica, ou por uma mistura dos dois) é inevitável que a equipa do Benfica esteja desiquilibrada. Mas esse é o risco de jogar desta forma e é um risco que o Lage está disposto a assumir. A alternativa de risco menor seria baixar o bloco, juntar as linhas e esperar pelo adversário, que era a alternativa preferida pelo Rui Vitória, que tem outras desvantagens.
Não me parece é que seja possível assumir a pressão alta e depois ficar surpreendido que, quando o adversário consegue sair dela, a equipa esteja desiquilibrada e mais vulnerável. Não se consegue ter os dois mundos, parece-me a mim.
Acho que o Lage não pode querer que a equipa jogue quase sempre estendida.
Ou seja, parece-me que o problema é a gestão da profundidade que da forma como é feita por defeito cede muito espaço nas transições defensivas, exige demasiado dos médios e cria uma deficiente gestão da bola coberta/bola descoberta.
Não é viável ao longo do campeonato exigir dos médios os indices de pressão e de recuperação desta primeira parte. Isso resolve-se com gestão de profundidade, com definição de thresholds inseridos no modelo adaptativo que definam quando o bloco abre ou quando fecha e se sobe ou desce.
Não vejo isso e penso ser isso o que falta para esta equipa poder ser um caso sério de bom futebol; sem isso pode ser colocado em causa o potencial que o Lage deu ao grupo.