Rock and Roll, Lage

O primeiro período do Benfica ante a Fiorentina foi verdadeiramente impressionante no que concerne ao tomar as rédeas da partida, através do instalar no meio campo adversário.

Para tal muito contribuiu a forma como o modelo encarnado prepara a reacção à perda, mas tão importante quanto isso, as características de Gabriel Pires e Florentino Luís.

Autênticos “monstros” de passada larga e extremamente veloz, juntos taparam saídas, e encostaram a Fiorentina atrás. E das poucas vezes em que foram batidos, a grande velocidade voltavam para trás da linha da bola, entrando no lance do ponto de vista defensivo, ajudando a equipa.

Na pressão no meio campo ofensivo, na reacção à perda ou até no timing para sair para desarmar em organização, não está fácil enfrentar a dupla de médios encarnados.


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Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

8 Comentários

  1. é um comentário periférico, mas… Filipovic chegou ao futebol português há quase 40 anos e continua-se a não se saber pronunciar correctamente os nomes eslavos.
    há dus regras que valem para todos os nomes: acentua-se a segunda sílaba e termina-se em Itch.
    assim: seFÉrovitch; FiLÍpovitch; Módritch; ZaHÓvitch; ManDZÚkitch, etc. cumprimentos e obrigado pelos ensinamentos sobre tática.

  2. Efectivamente foi estonteante a disposição dos médios do Benfica na primeira parte do jogo com a Fiorentina. Mas, questiono, não será uma atitude para ganhar um jogo, recuperar um resultado desfavorável?
    Será que se ganha um campeonato a pressionar daquela forma? Os dois jogadores não aguentam os jogos todos e os outros jogadores tem características diferentes.
    Aliás eu diria que é um modelo quando joga o Florentino.
    Não ficará a equipa demasiado cansada e quando recupera a bola a qualidade ofensiva ressente-se?
    Houve momentos em que a equipa ficou partida.
    Mas de qualquer forma foi uma lição.

    • No último campeonato, viu-se muitas vezes a equipa a ficar partida exactamente por isso. Quando o adversário passa a primeira linha de pressão tem muitos metros livres pela frente sem qualquer oposição. O Benfica sofreu uns quantos golos assim e só não sofreu mais porque a qualidade dos adversários internos não é a melhor.
      Talvez por causa do cansaço acumulado este fenómeno foi bem visível nas ultimas jornadas do campeonato.

  3. Na minha opinião tens de distinguir claramente os 2 momentos.

    Se na transição defensiva é isso tudo que dizes, é MUITO BOM, na organização defensiva é quanto a mim o momento mais fraco do Benfica de Lage.

    E não, não é porque os adversários têm qualidade acima da média, é porque o Benfica de Lage ainda não percebe correctamente os momentos de pressão…
    Os erros que identifiqueEi, e o mais grave, vêm da época passada:
    1 – Tentam pressionar a tempo inteiro
    2 – Não há sinais claros de pressão onde toda a equipa perceba que é o momento certo
    3 – Jogador que vai pressionar, sai na pressão sem ter a preocupação se os colegas estão bem posiconados

    A quantidade de vezes que os adversários do Benfica chegam só com a linha de 4 defesas é surreal.

    Contra a Académica, uma equipa de 2a Liga, os médios do Benfica eram atraidos e o médio esquerdo da Académica vinha por dentro nas costas dos 2 Médios Centro e recebia enquadrado.
    Contra o Anderlecht, igual.
    E se quisermos recuar à época passada, jogo com o Santa Clara em casa, 1a parte em Braga e 2a parte em Vila do Conde, demonstra claramente que a Organização Defensiva é o calcanhar de aquiles do Benfica de Lage

  4. Ia comentar mas o Ricardo já o fez por mim – acho que ele esqueceu-se também do horrível jogo contra o Portimonense, em que todas estas questões foram muito evidentes.

    Sinceramente não entendo os adjectivos. São um exagero. As ideias que o Lage apresenta são engraçadas e revelam sobretudo muita coragem mas aquela correria toda sem nexo (para mim, o posicionamento em organização ofensivo deveria ser outro para provocar nos adversários mais dúvidas no corredor central e jogar mais vezes entrelinhas), os charutos também sem grande lógica e as dificuldades em organização defensiva parecem mostrar a necessidade de muitíssimo trabalho de casa.

    E não, não vale a pena vir apontar o dedo para dizer que “ah mas tu adoras o Klopp” porque são equipas com um modelo mais completo e mais bem trabalhado no pormenor (e com outra valia individual, claro).

    Basta ver que o Lage prefere o Caio Lucas ao Kroninovic – isto até pode ter diferentes justificações mas é para mim um cenário preocupante.

    O Florentino fez um jogo espectacular já o Gabriel… Meh.

    • “acho que ele esqueceu-se também do horrível jogo contra o Portimonense, em que todas estas questões foram muito evidentes.”

      Certissimo!!!

  5. Por acaso, não tenho nada a impressão do Ricardo. Acho que a equipa identifica bem os momentos de pressão e é muito comum ver 4/5 jogadores decidirem pressionar em simultâneo.

    O que me parece é que pressionar alto acarreta riscos e, quando o adversário consegue sair da pressão (seja por mérito próprio, seja por demérito do Benfica, ou por uma mistura dos dois) é inevitável que a equipa do Benfica esteja desiquilibrada. Mas esse é o risco de jogar desta forma e é um risco que o Lage está disposto a assumir. A alternativa de risco menor seria baixar o bloco, juntar as linhas e esperar pelo adversário, que era a alternativa preferida pelo Rui Vitória, que tem outras desvantagens.

    Não me parece é que seja possível assumir a pressão alta e depois ficar surpreendido que, quando o adversário consegue sair dela, a equipa esteja desiquilibrada e mais vulnerável. Não se consegue ter os dois mundos, parece-me a mim.

  6. Acho que o Lage não pode querer que a equipa jogue quase sempre estendida.
    Ou seja, parece-me que o problema é a gestão da profundidade que da forma como é feita por defeito cede muito espaço nas transições defensivas, exige demasiado dos médios e cria uma deficiente gestão da bola coberta/bola descoberta.
    Não é viável ao longo do campeonato exigir dos médios os indices de pressão e de recuperação desta primeira parte. Isso resolve-se com gestão de profundidade, com definição de thresholds inseridos no modelo adaptativo que definam quando o bloco abre ou quando fecha e se sobe ou desce.
    Não vejo isso e penso ser isso o que falta para esta equipa poder ser um caso sério de bom futebol; sem isso pode ser colocado em causa o potencial que o Lage deu ao grupo.

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