JOGAR COM OS ESPAÇOS (LIVRES) NÃO SE ENSINA, APRENDE-SE (NECESSARIAMENTE!)

Aprender a jogar futebol é sobretudo através do tácito e do experienciado! Portanto, é apreensão, perceção e somatização do nosso Corpo implicado em determinado contexto. A partir daí, descobrimo-nos e estamos à descoberta numa interação dinâmica que acontece entre o Jogo e o nosso Corpo –  percebemos os limites dos mesmos, jogando e vivenciando, sempre com os tempos e os sentidos todos dos mesmos. Após percebermos, intrinsecamente e intuitivamente, o que somos capazes de fazer, encontramos no Jogo (se este estiver lá todo…“cartografia fractal” (Cunha e Silva, 1995)) novos caminhos, problemas, soluções e, portanto, novos estados corporais que apreendemos e nos fazem florescer com o mesmo. Posto isto, somos muito mais um fractal da cultura em que crescemos em relação à rede genética que herdamos! “Os genes funcionam muito mais como potenciadores” (Sobrinho Simões, 2021).

Assim, nos clubes, mas fundamentalmente e necessariamente, em cada país/seleção têm que existir traços identitários que possibilitem aos jogadores interagir sob uma Forma e não cada qual com a sua forma. Só assim, é verdadeiramente possível, que o talento de cada jogador (seja ele qual for) se manifeste e se evidencie (!!), pois, existe o suporte imperativo (categórico) de uma Intencionalidade/Sentimentalidade partilhada por todos. Deste modo, goste-se mais ou menos do estilo, há seleções que demonstraram possuir uma cultura enraizada e outras que nem tanto…trazemos em baixo o exemplo mais evidente da existência de uma crença comum, de UMA FORMA DE JOGAR (e o orgulho que isso traz para todos os cidadãos de um país ao poderem afirmar “a nossa seleção pode vestir azul, preto, vermelho ou branco, mas sabemos como vamos jogar”!!).

Acrescentando, apenas demonstramos em baixo “uma parte” do jogo.

Por mais que se tente explicar, o lado tácito e corpóreo demora anos para que seja intuitivo e “sem pensar”… “jogar futebol (com os espaços) não se ensina, aprende-se necessariamente”!! (Frade, ).

O respeito pelo jogo posicional é evidente, no vídeo acima (para além de toda a qualidade individual…), mas ainda mais importante é, compreendermos que o jogo posicional não se faz com o cumprimento de cada jogador em relação a uma função ou a um espaço. O jogo posicional, verdadeiramente rico, será sempre aquele que, para além de pontos de partida (espaços/posições) cruciais para a fluidez do jogo, tem um lado interativo dinâmico entre: jogadores da minha equipa (respeito pelo espaço de cada um) ; jogadores adversários (onde é que eles estão ou de onde é que eles vêm – vantagens numéricas) ; espaços livres / espaços a ocupar-atacar (identificar se devo estar parado no espaço livre, se devo sair para criar um espaço livre, se devo fixar para atrair adversários e deixar espaços livres para outros – vantagens espaciais).

Tacitamente, aprende-se (com o tempo…)!!!

Sobre RicardoCarvalho 5 artigos
Treinador de Futebol. Refletir sobre futebol...é modelador, é corpóreo. O Corpo que o joga e o Cérebro que o sente.

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