Dom Vitinha, o anti São Patrício

Poucas são as certezas que se tiram de jogos de preparação. Mas no caso do FC Porto – que tem o mesmo treinador vai para a quinta época – nunca se esperam grandes surpresas. Sim, o Porto Conceição será sempre aquela equipa competitiva, sufocante, e da qual o seu técnico quererá sempre ver intensidade no encurtar de espaços e elevada percentagem de sucesso nos duelos, como nas bolas paradas. Assim, a inclusão de Pepê num rol de caras já bem conhecidas montadas num 442, também ele habitual, seria um daqueles pontos de interesse habituais neste tipo de jogos. Contudo a apreciação ao brasileiro poderá esperar porque Conceição terá ganho um novo lateral direito, com direito a relegar o ex-Grémio para segundo plano. Foi João Mário quem mais chamou a atenção na primeira-parte deste FC Porto-Roma, onde o FC Porto demonstrou ser mais equipa que os giallorossi mas onde, também, viu o futebol estar a borrifar-se para as estatísticas e para o número de oportunidades criadas. É que mesmo sendo uma equipa que banalizou o novo projecto de José Mourinho por largos minutos, a eficácia dos dragões deixou imenso a desejar. E como tal nem precisamos de trazer ao texto o velho cliché, até porque Mancini (56′) encarregou-se de nos lembrar que a única coisa que valida sistemas, ideias, planos e tácticas é, isso mesmo, a eficácia. Valeu ao FC Porto o miúdo Vitinha que encontrou a fórmula (89′) para bater aquele que já todos conhecemos por São Patrício.

Saídas de bola muito parecidas, com a pressão do FC Porto a ser mais eficaz na primeira metade, o que iniciou o maior protagonismo que o FC Porto teria nos 45 minutos iniciais



E se todas as épocas têm um tema (um pouco como Phil Jackson fazia nos seus Bulls, onde a sua derradeira temporada ficou conhecida como The Last Dance), esta nova season de Sérgio Conceição ao leme dos dragões poderá muito bem ser algo como um À Procura da Eficácia Perdida. O próprio Sérgio já deu o mote revelando que a equipa quer fazer bem diferente nas primeiras dez jornadas. E olhando para os jogos desse período, saltam à vista deslocações como Famalicão, Marítimo, Alvalade ou Tondela onde é hábito ver o FC Porto de Sérgio Conceição não encontrar o caminho para a baliza. E é aqui que este jogo contra a Roma se torna interessante. É que mesmo sendo superior em todos os capítulos e podendo retirar daí inúmeras boas sensações, o jogo, ainda assim, poderá indiciar que os níveis de eficácia na finalização não estão ainda muito diferentes da passada época – a mesma que Sérgio Conceição quer começar a corrigir nestes dez jogos iniciais da Liga Bwin.

Chegada a àrea de Vitinha abriu a lata (Sérgio Oliveira já o havia tentado também) mas a frieza que gerou eficácia foi a grande diferença para todas as outras finalizações dos dragões.


O FC Porto criou, é verdade. Criou de bola parada, criou também depois de roubos de bola onde se sentiu toda aquela competitividade e inegociável intensidade da equipa, mas viu-se a perder chances fulcrais como aquela de Toni Martínez (10′) ou aquela de Taremi aos 28′. Pelo meio viu Otávio desviar de cabeça (!) uma bola cobrada de livre pelo inevitável Sérgio Oliveira, mas viu tudo isso esbarrar em Rui Patrício e na falta de eficácia necessária ao tal desejo de Sérgio Conceição. E no reatamento viu a Roma regressar um tudo ou nada mais forte. Forte ainda assim o suficiente para colocar Dzeko de frente para Diogo Costa e vê-lo rematar a centímetros do golo, ou para ver Diawara testar o mesmo jovem guardião portista e do canto que daí resultou ter o máximo castigo à falta de eficácia, leia-se golo de Mancini que resultava no 0-1. E depois do sururu que envolveu as equipas após Pepe e Mkhitarian ficarem mal na foto, teve Sérgio de chamar Luis Díaz (algo que não deixa mal um Pepê que recebe no pé e no espaço e que pode dar uma versatilidade muito interessante à equipa) e Vitinha – tendo este último conseguido bater Rui Patrício. E para último suspiro fica a confirmação de tudo o que dissemos acima: Taremi com tudo para dar a vitória aos azuis-e-brancos… remata ao lado e deixa Sérgio Conceição certamente a pensar em alternativas e soluções.

Porto-Roma, 1-1 (Vitinha 89′; Mancini 56′)

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