Sporting autoritário: noite tranquila do campeão

Um golo a abrir e um inicio eletrizante com mais duas oportunidades claras para o dilatar do marcador faziam parecer que aí viria uma noite tranquila, com goleada verde e branca e o jogo resolvido cedo, mas os azuis recompuseram-se do choque inicial, embora acabassem por nunca discutir o “resultado”.

A dinâmica sportinguista é, por todos conhecida mas, muito difícil de contrariar, sobretudo se, como aconteceu na fase inicial do encontro, do lado contrário encontrar um adversário tentado em condicionar o seu início de construção em zonas subidas do terreno. Foi assim que se deu o início avassalador do encontro, com um vendaval ofensivo do conjunto leonino. O Sporting “chama” a pressão ao corredor lateral, preferencialmente o direito, e rapidamente varia ao corredor oposto, onde está o espaço e o seu lateral-ala, completamente projetado na profundidade e pronto a criar problemas à estrutura adversária.

Na noite de hoje, destaque para Nuno Santos: o extremo leonino está longe de ser um prodígio mas o seu espírito competitivo, compromisso e entendimento do modelo do seu treinador são fatores que o tornam “diferenciado” à luz do contexto aqui expresso.

Se for para atacar a profundidade em posse ou fazer de terceiro médio, abrindo espaço no corredor lateral para a velocidade e capacidade técnica e de decisão de Vinagre, Nuno Santos diz “presente” e dá à sua equipa aquilo de que ela precisa.

Do lado azul, sempre muitas dificuldades para criar calafrios ao campeão nacional. Petit abdicou de um avançado para reforçar a sua última linha e apostou em Afonso Sousa para que este lhe garantisse mais bola e clarividência nas decisões azuis. O jovem médio encontrou, em alguns momentos, espaço para explorar na defensiva leonina, sobretudo entre Inácio e Vinagre, mas as suas tentativas de explorar esse zona, sobretudo por via do passe, não foram correspondidas pelos seus colegas.

Quem corresponde sempre aos seus colegas é Paulinho. O avançado português é, a larga distância o melhor dianteiro da Liga a jogar em apoio e a dar “saída” para a equipa jogar, mas é também aquilo que hoje em dia pode ser visto como o calcanhar de Aquiles dos leões: o avançado revela, de forma vincada, dificuldades no ataque à profundidade e apetite pela baliza em zonas de decisão.

Esse apetite ofensivo leonino precisa de um avançado que lhe dê corpo, que seja tão ávido pelo golo quanto por jogar com a equipa. Paulinho não é esse avançado e essa lacuna tem sido enormemente atenuada pela capacidade invulgarmente goleadora de Pedro Gonçalves, mas isso poderá não ser suficiente quando o grau de dificuldade dos opositores aumentar.

HOMEM DO JOGO

João Palhinha é hoje um médio completo. Aquele que há uns anos era apenas um recuperador de bola que entregava curto para a equipa continuar a jogar, tem hoje cada vez mais conforto em posse e no passe, a qualquer distância. A sua capacidade técnica aleada às suas capacidades condicionais de comer metros em transição defensiva, permitem ao Sporting estar sempre muito subido porque sabe que alguém vai preparar a perda. Sendo, além disso, cada vez mais um elemento capaz em organização ofensiva a que hoje ainda juntou um golo, a fazer jus ao seu exímio jogo aéreo. Um “6” de classe mundial.

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