A evolução de Weigl – O quarto equilíbrio e a gestão da posse

O médio alemão é finalmente indiscutível no jogo do Benfica. Mas, o que mudou?

Jorge Jesus referiu que hoje, Weigl já percebe melhor o que o treinador quer do seu médio defensivo. Mas, há mais factores para lá do conhecimento que permitem o emergir de Weigl, e todos relacionados com a forma como, e ao contrário da temporada passada, Weigl está menos exposto e mais protegido pelo coletivo… e por novas individualidades no Benfica.

O ponto de partida para o incremento do rendimento de Weigl é desde logo a mudança de sistema tático. Com três centrais, deixa de ser o “6” a ter a responsabilidade de integrar linha defensiva quando um dos defesas sai na bola. O espaço largo que sempre se abre entre lateral e central, e que tantas vezes força o médio defensivo a aparecer para dar cobertura, ou que ocupado por um dos centrais, obriga o “seis” a ocupar a posição central da defesa, já não existe. A linha de cinco cobre mais largura, e o seis já não tem de se integrar na defesa.

No momento ofensivo, Weigl passa a ser o quarto homem que equilibra a equipa – Três centrais atrás e Julian à frente dos três. Anteriormente era o terceiro equilíbrio – Depois dos dois centrais.

A mudança estrutural tática, reduziu desde logo a necessidade de um campo de ação tão largo como no passado. E é precisamente pelas suas capacidades condicionais (velocidade e força) não serem de topo que o talentoso médio chegou para jogar em Portugal. Caso contrário, jamais jogaria na nossa Liga. Protegido nas suas lacunas pelo novo equilibrio tático da equipa, Weigl beneficia ainda de hoje ter à sua frente o criterioso João Mário. O jogo do Benfica acelera quando chega ao último terço – Tem jogadores de excelência para tal – mas, não acelera fora de tempo – Como é o caso quando Taarabt o força a acontecer, ainda antes da chegada da bola a zonas altas. O critério e gestão que João Mário dá ao jogo ofensivo do Benfica, provoca menos perdas, e consequentemente menos momentos onde é fundamental ACELERAR e MARCAR oponentes para controlar momento de Transição Defensiva.

Menos exposto taticamente, com menos momentos onde é menos forte para controlar ao longo do jogo – Que lhe permite ter mais energia para reagir – Diferente ter de acelerar 5 vezes na Transição Defensiva, de ter de o fazer por 15! – emerge a sua qualidade em posse. E esta sempre esteve presente no seu jogo, e não é novidade!

Contra o PSV em Eindhoven e contra o Barcelona na Luz, Weigl bateu os seus records do ano em intercepções e recuperações da posse, e foi em ambos os jogos verdadeiramente determinante para o sucesso do Benfica.


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Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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