Variar para a superioridade numérica – Curta sobre a largura máxima do Chelsea

O jogo entre o Chelsea e o Liverpool proporcionou um espetáculo bem agradável e muito característico da Premier League – muitos golos, muita emoção, jogo a tender para as transições a certa altura, mais não se poderia pedir. No entanto em certos momentos deu a sensação (até porque é uma equipa com mais princípios de posse que o adversário) que o Chelsea possuía algum domínio posicional sobre o jogo sendo que na segunda parte esteve claramente por cima dos reds (nada que os belisque muito, dado o quão letais são – e foram – nas transições). Tal deveu-se muito ao confronto de sistemas que se deu, particularmente na forma como o Liverpool tentou pressionar em organização defensiva e o Chelsea capitalizou a largura máxima que a sua estrutura oferece.

Face à estrutura base em organização ofensiva de 1-3-4-3 do Chelsea, com saída em 3+2 e os alas a meia altura para poderem ser soluções na saída, o Liverpool optou por fazer uma pressão bem agressiva (independentemente da altura do bloco) saltando com o trio da frente sobre os três centrais, os médios em superioridade face os dois médios dos blues mas, e está aqui o cerne da questão: optou por saltar com os laterais nos alas do Chelsea. Ao fazê-lo, o Chelsea invariavelmente conseguiu sair da pressão no corredor, ligar por dentro com os médios e projetar o ala do lado contrário sobre a linha defensiva que se apanhava em inferioridade (com o lateral a saltar, a linha ficava em 3+1, com o trio da frente do Chelsea sobre os três defesas de cobertura do Liverpool e ainda a chegada do ala do lado contrário, gerando uma situação momentânea de 4v3 contra a última linha dos reds). Quem se vê particularmente aflito nestas situações é o lateral do lado contrário que assim fica em dúvida se mantém a marcação por dentro ao avançado interior ou vai saltar no ala (situação de 2v1), hesitando e dando ao médio o tempo para colocar numa opção ou noutra (com os alas do Chelsea a serem até particularmente agressivos neste momento, não esperando pela bola no pé e tentando mesmo ir em rotura).

Numa altura em que os sistemas de 3 centrais continuam a oferecer esta possibilidade de largura máxima, outras soluções exigem-se para evitar a exploração destas superioridades no corredor.

Sobre Juan Román Riquelme 97 artigos
Analista de performance em contexto de formação e de seniores. Fanático pela sinergia: análise - treino - jogo. Contacto: riquelme.lateralesquerdo@gmail.com

Seja o primeiro a comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.


*