Apesar do que é imputado ao possível ineficiente controlo de cruzamento por parte de Trent Alexander-Arnold (orientação corporal, vigilância individual com ajuste posicional em relação a Vinícius, reatividade ao cruzamento, etc.), o golo do Real Madrid tem aspetos a montante que também merecem alguma reflexão.
Durante grande parte do jogo o Liverpool, do lado esquerdo, tinha como referências de pressão ser Mané a saltar sobre o central (Militão), Luís Diaz fechar espaço dentro para depois encurtar sobre o lateral (Carvajal) e Thiago fazer a vigilância do médio interior desse lado que viesse em movimento de apoio (Modric, geralmente). Isto permitia que o lateral-esquerdo, Robertson, permanecesse integrado na linha defensiva a controlar a largura – que poderia ser dada por Valverde.
O lance do golo tem então primariamente origem num possível erro neste mecanismo de pressão que gera a cascata de acontecimentos até ao golo:
– Díaz sai a pressionar sobre uma referência de pressão que não é sua – Militão, a cargo de Mané -, é batido facilmente pelo central e liberta Carvajal no corredor lateral (situação de 2v3 de Robertson + Thiago vs Valverde + Modric + Carvajal). A condução interior de Carvajal faz com que Modric vá ajustar posição ao corredor e Robertson é finalmente atraído para fora da linha defensiva para encurtar sobre o mesmo.
– O colombiano apercebe-se e compensa com troca posicional com o lateral mas em vez de integrar a linha mantém-se a fechar espaço, mesmo com Valverde a dar largura daquele lado nas suas costas. Eventualmente a bola entra mesmo por fora no uruguaio e gera-se uma situação de 3v3 em muita largura (dada pelos extremos do Real), difícil de controlar e que culmina no golo.
A manutenção da integridade da linha de 4 através dos mecanismos originais do plano de jogo permitiria a Trent dar facilmente uns passos atrás no momento do cruzamento e assim marcar efetivamente o finalizador.
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