A velocidade do jogo na acção e não apenas na passada – Yaremchuk entre linhas

É errado associar a velocidade do jogo unicamente à velocidade do jogador ou da bola. Muito do que torna o jogo veloz tem por base a acção técnico tática. O gesto mais simples do jogo – Passe / Recepção, é o principal catalizador do acelerar ou travar o jogo.

Passar para o pé, passar para trás, não é o mesmo de passar para a frente. Passar para o pé errado, pode atrasar o jogo. É ainda mais a recepção, um dos catalizadores de poder acelerar e enfrentar boas situações numéricas, ou perder toda a vantagem que se ganha após um passe frontal para as costas dos médios adversários.

O avançado ucrâniano do Benfica é uma das maiores desilusões entre as contratações nos últimos tempos. Para um avançado, é “fácil” contornar o estigma do falhanço. É marcar golos. Se Yaremchuk somar golos tudo será perdoado – e se há quem já tenha provado noutras ligas e contextos ser capaz de fazer golos, esse avançado é Yaremchuk. Porém, a desilusão maior prende-se com a falta de qualidade para jogar. Para participar no jogo da sua equipa. Entre Linhas não é apenas um jogador com dificuldades técnicas, mas também alguém que não entende como se posicionar, como receber, como dar seguimento às bolas que lhe chegam. Com Yaremchuk a participar no processo de criação – Isto é, receber a bola de frente para os defesas, e não apenas para finalizar – o Benfica é lento, incapaz de ligar o jogo com perigo e incapaz de ter fluidez nas suas jogadas.

Não é preciso ser-se veloz na passada para dar velocidade ao jogo, mas se na acção técnico-tática, tudo sai errado, o jogo trava, os defesas chegam e o caminho para a baliza adversária fica consecutivamente mais longe.


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Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

5 Comentários

  1. Reparei este ter sido um jogo deficiente do ucraniano, mas por acaso gostei de alguns pormenores quando entrou nos jogos anteriores.

  2. O vídeo nada demonstra, sorry, pelo contrário, vem inquinar completamente a opinião sobre o jogador e forçar argumentos de razão. Isto apesar de concordar que o rapaz entrou de forma horrível em campo e de não me esquecer daquela primeira recepção falhada, que foi simplesmente tenebrosa. De certeza que Yaremchuk está longe de ser o meu jogador preferido ou até de perder cinco minutos a vê-lo jogar.

    Acontece que há vários factores a considerar sobre o rendimento de um atleta – e nenhum desses factores foi aqui colocado. Eu recordo duas publicações com argumentos da vossa autoria completamente equivocados sobre o R. Jimenez (vejam também os comentários onde lhe chamam de “burro” e de “calhau com olhos” para cima):

    https://www.lateralesquerdo.com/2016/11/02/tomada-de-decisao-aproximar-a-equipa-do-sucesso-raul-contra-o-dinamo/

    https://www.lateralesquerdo.com/2017/06/10/na-area-tudo-se-transforma-raul-jimenez/

    A mim parece-me que o Yaremchuk tem outras coisas para dar e possui argumentos técnicos suficientes (nem sempre executa como pretende, por exemplo, mas tenho memória de bons apontamentos de sua autoria). Na cabeça falta-lhe alguma substância mas nem tudo está perdido. E também se tivesse o que supostamente lhe falta seguramente que não estaria no Benfica. O Ramos ou até o Darwin (fez jogos no Benfica perfeitamente miseráveis) também poderiam ser objecto de um vídeo assim ou pior, no entanto, como se reconhece potencial ao Ramos (já para não falar daquele brutamontes do P. Bernardo, que tem uns tamancos nossa senhora e a cabecinha cheia de água, água) e é jovem tuga, então defende-se o atleta. O Yaremchuk é sobretudo um finalizador, que renderá melhor consoante a equipa trabalhe mais ou menos para ele. Só que joga no Benfica, onde se procura e é necessário actuar com alguma complexidade para contrariar as defesas cerradas e, noutro registo, as grandes semelhanças ou o atraso ao nível do potencial dos adversários nas competições europeias, numa era em que praticamente desapareceram os jogadores com apenas uma função.

    Depois também devemos aqui considerar os factores psíquicos (confiança ou falta dela, vida pessoal e social, etc, etc, etc) como o irmão do Laudrup gosta tanto de assinalar. O Yaremchuk, por exemplo, tem sido mais consistente quando joga pela selecção e nessa condição surge quase sempre mais solto, mais ágil, melhor enquadrado.

  3. Análise completamente despropositada,focando-se apenas num jogo e o unico erro de recepção foi quando Roman tocou pela primeira vez na bola .Dos avançados do benfica Yaremchuk é o que melhor trata ,tabela e receciona a bola ,está a faltar o golo está , unica verdade nessa análise que pode influenciar de forma negativa a opinião sobre um avançado muito completo que apanhou no ano passado um Darwin endiabrado e neste inicio de competições um Gonçalo Ramos a fazer 3 golos ao mydtland , atenção a essas análises precipitadas e fora do contexto .

  4. Yaremchuk tem mostrado sistematicamente a sua ineficiência em dar seguimento com qualidade (leia-se aproximando a equipa do golo, ao invés de adiar a passagem da construção de jogo à criação de oportunidades de golo) jogadas e ainda mais em finalizar (leia-se marcar golo). Fico feliz que o P.B. tenha-se dado ao trabalho de fazer notar isso.

    Quem geria o clube pegou no dinheiro ganho com o passe do J.Félix, e desbaratou-o na aquisição dos direitos desportivos de múltiplos medianos, sendo este um deles, ficando com uma ricas migalhas no processo.

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