Arrojo, paciência e inovação – o golo do Ajax em Anfield

O Ajax em Anfield fez um dos golos de apelo ao futebol colectivo mais bonitos da edição deste ano. Mais de um minuto com a bola em Liverpool, a tornear a máquina de pressão montada por Klopp não é para todos. Abaixo a análise

Inicio da jogada, Ajax em 4231 com laterais projectados, um médio de frente p/ os avançados do Liverpool e outro p/ os médios. Nada que os reds já não tivessem visto várias vezes.

Inicio da jogada, Ajax em 4231 com laterais projectados, um médio de frente p/ os avançados do Liverpool e outro p/ os médios. Nada que os reds já não tivessem visto várias vezes

Criada a 1ª superioridade quando Taylor arrasta Jota 3×1. Alvarez sempre rápido a reagir aos passes antecipa a pressão do Liverpool e baixa para lá dos centrais. Já é visível uma imagem de marca do Ajax: centrais altos na zona do pivô. Timber fixa 2 e bola entra em Tadic. Mesmo que o sérvio tenha sido “obrigado”, por força da qualidade colectiva do Liverpool a jogar no lateral, o Ajax fez o adversário correr, andar para trás e para a frente, princípio que costuma resultar em + espaço porque é mais complicado ajustarJá vem da época passada (passagem com distinção em Portugal): o Ajax quando baixa um médio para a zona dos centrais faz com que um destes, ou até os dois se adiantem. Se trocas de posição fazem normalmente parte do cardápio de uma equipa dominante com bola não é frequente que a mobilidade passe pelos centrais. Eventuais vantagens 1. jogador com bola menos pressionado porque 1ª linha de pressão passa a ter de lidar gente a entrar nas suas costas 2. cria dúvida em quem marcar 3. Ajuda a atrair adversários a um espaço central 4. e consequentemente o lateral baixando fica como homem livre com bola vinda essencialmente do GR (aconteceu aqui mas não é a primeira vez)

Se houve alguma falha neste lance foi Timber não ter aproveitado a vantagem para mudar corredor quando teve espaço para progredir, “entalando” Tadic no duelo vs van Dijk. O sérvio devolveu atrás no lateral e o Ajax voltava a recuar

Liverpool forçado a baixar para bloco médio – é bem diferente de começar nessa disposição. Alvarez com espaço para definir e coragem para atrair. Thiago a saltar na pressão no lado contrário ao seu foi o 1º sinal que o Liverpool talvez estivesse a acusar o desgaste

Salah condicionou mas não pressionou, Arnold estava com os apoios bem colocados mas não recuou. A qualidade de Blind e o timing de Berghuis fizeram o resto

Por último, referência para a passividade de Fabinho. Provavelmente se não fosse a 1ª vez que o Ajax tivesse uma posse longa, poderia estar mais atento mas um pivô não baixar imediatamente quando a bola entra nas costas da linha defensiva, resulta em espaço à frente dos defesas.
Foi o caso e deu a Kudus teve espaço para rematar. Tenho dúvidas que o condicionamento de van Dijk em remates tão próximos da baliza resulte tão bem como quando são fora da área. Não obstante, mesmo para os seus padrões parece ter dado demasiado espaço ao avançado ganês

Sobre Lahm 42 artigos
De sua graça Diogo Laranjeira é treinador desde 2010 tendo passado por quase todos os escalões e níveis competitivos. Paralelamente realiza análise de jogo tentado observar tendências e novas ideias que surgem no futebol. Escreve para o Lateral Esquerdo desde 2019. Para contacto segundabola2012@gmail.com

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